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    operação carne fraca

    Fiscal apontado pela polícia como chefe de esquema negocia delação

    BELA MEGALE
    DE BRASÍLIA

    05/04/2017 02h00

    Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/Folhapress
    CURITIBA, PR, 17.03.2017 – OPERAÇÃO CARNE FRACA – O ex-superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná Daniel Gonçalves Filho - Presos da operação Carne Fraca deixam o instituto Médico Legal do Estado do Paraná, em Curitiba (PR), na tarde desta sexta-feira após realização de exame de corpo delito. A “Operação Carne Fraca” deflagrada nesta sexta-feira, com o objetivo de desarticular organização criminosa liderada por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio. (Foto: Paulo Lisboa/Brazil Photo Press) ***PARCEIRO FOLHAPRESS - FOTO COM CUSTO EXTRA E CRÉDITOS OBRIGATÓRIOS***
    O fiscal Daniel Gonçalves Filho, no dia de sua prisão pela PF

    O fiscal agropecuário Daniel Gonçalves Filho, preso há mais de 20 dias pela Operação Carne Fraca e apontado como líder de um esquema de corrupção na fiscalização de frigoríficos, decidiu fazer acordo de delação com o Ministério Público Federal.

    No fim da semana passada, Gonçalves Filho já havia sido transferido do presídio da região metropolitana de Curitiba em que estava para a sede da Polícia Federal, onde ficam presos que negociam ou já fecharam acordos de colaboração com as autoridades.

    Se houver acordo, ele será o primeiro investigado a fechar delação após a deflagração da primeira fase da Carne Fraca, em 17 de março.

    Pessoas informadas sobre as investigações têm a expectativa de que o fiscal faça revelações sobre políticos do PMDB vinculados ao agronegócio e empresários do ramo. Ainda não houve reuniões entre ele e os procuradores.

    O advogado Jorge Vicente Silva, que assumiu a defesa de Gonçalves Filho a partir desta terça, afirmou não ter informações sobre a negociação de delação. "Não tenho essa situação ainda. Nem me reuni direito com Daniel e a família dele", disse à Folha.

    Ronaldo Sousa Troncha, ex-assessor do deputado federal Sérgio Souza (PMDB-PR), disse em depoimento à PF que o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, também do PMDB do Paraná, fez parte do grupo de deputados que participaram da indicação de Gonçalves Filho para o posto de superintendente do Ministério da Agricultura no Estado.

    Gonçalves Filho foi nomeado em 2007 e exonerado em 2016. Na época da nomeação, Serraglio era deputado federal. A senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) disse que, no período em que comandou o Ministério da Agricultura (2015-2016), foi pressionada por dois deputados do PMDB para não demitir o fiscal. Depois, disse que os deputados que a pressionaram foram Serraglio e Souza.

    A assessoria de Serraglio afirmou que ele não fez pressões sobre a senadora em favor do fiscal nem participou da indicação de Gonçalves Filho. O ministro da Justiça atribuiu a indicação do fiscal ao deputado Moacir Michelletto (PMDB-PR), morto em 2012.

    FAMÍLIA

    Desde a deflagração da operação, Gonçalves Filho vem sendo pressionado pela família para fechar acordo de delação, segundo pessoas próximas a ele. O motivo é o envolvimento de sua mulher e dos filhos nas fraudes e ilicitudes investigadas pela PF.

    A mulher dele, Alice Mitico Gonçalves, e o filho Rafael Nojiri Gonçalves foram presos temporariamente na primeira fase da Carne Fraca. A filha Laís Gonçalves foi levada coercitivamente para depor.

    Na época da prisão, seu advogado disse que era "um exagero" apontar o fiscal como chefe de uma organização criminosa e que a investigação tinha origem em acusações de um antigo desafeto.

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