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    Previdência

    Transição de aposentadoria pode começar perto de 40 anos, diz relator

    LAÍS ALEGRETTI
    DE BRASÍLIA

    06/04/2017 13h14 - Atualizado às 13h35

    O relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), afirmou que não faz sentido colocar todos os trabalhadores em uma regra de transição, mas declarou que vai ampliar em seu parecer o número de pessoas que serão incluídas nas regras transitórias.

    Apesar de ter dito que o modelo definitivo para a transição não foi concluído, o relator mencionou que 40 anos "seria um número central" para iniciar a transição. "Estamos trabalhando para ampliar o número de trabalhadores que estejam incluídos na transição, diminuindo a idade de 50 anos para em torno de 40 anos", disse.

    A proposta do governo prevê uma transição, com pedágio de 50% do tempo que falta para a aposentadoria, para mulheres a partir de 45 anos e homens a partir de 50 anos.

    Reforma da Previdência
    As mudanças propostas na aposentadoria

    "Não faz sentido você colocar na regra de transição todos os trabalhadores porque temos regra de transição em que a pessoa pagará um pedágio. Suponhamos que se coloque pedágio de 50%, chega em determinada idade que você considera o período que falta e pode dar mais que 65 anos. Não faria sentido", afirmou.

    O relator afirmou que existem duas alternativas à transição proposta pelo governo em estudo, mas não deu detalhes. Ele voltou a dizer que uma das hipóteses combinaria idade mínima e contribuição e outra colocaria uma idade mínima de aposentadoria para quem estivesse na transição. "Essa idade mínima poderia ser, por exemplo, dizer que a partir da promulgação ninguém poderá se aposentar com menos de 57 anos, 60 anos" disse.

    O texto será apresentado à comissão especial no dia 18 de abril, após a Páscoa. A previsão inicial é que a apresentação do parecer ocorresse ainda em março. Depois da votação na comissão, a proposta tem de passar pelos plenários da Câmara e do Senado.

    SALÁRIO MÍNIMO

    O relator confirmou que deve alterar o trecho da proposta do governo que permite que as pensões por morte fiquem abaixo do salário mínimo, conforme antecipou a Folha.

    "Quando se fala em acolher os mais pobres, realmente seria uma contradição permitir um valor abaixo do salário mínimo. Nisso podemos avançar", afirmou, após ser questionado sobre se o piso de um salário mínimo nas pensões seria garantido.

    O texto original prevê que a pensão por morte será de 50% do valor da aposentadoria que o segurado recebia, acrescida de 10% para cada dependente. Isso significa que o benefício poderia ser de apenas 60% do salário mínimo no caso de uma pessoa viúva sem dependentes.

    A reportagem apurou que a decisão do relator é manter a fórmula de cálculo proposta por Temer para quem tem benefícios maiores, mas garantir o salário mínimo.

    Para as aposentadorias, a proposta mantém o atual piso de um salário mínimo.

    AGONIA

    Oliveira Maia voltou a citar cinco pontos que ele menciona desde o início das negociações em torno da Previdência como os principais assuntos em discussão. Além da regra de transição, ele cita as regras da aposentadoria rural, o acúmulo de pensão e aposentadoria, as aposentadorias para policiais e professores e o benefício assistencial pago a idosos e pessoas com deficiência pobres, o BPC (Benefício de Prestação Continuada).

    Depois de ser cobrado para detalhar as mudanças em estudo, o deputado respondeu: "cada dia com sua agonia". Segundo ele, o recado é que "há uma convergência de opinião entre os deputados e o governo nas necessidade de ajuste que a reforma precisa sofrer".

    Oliveira Maia concedeu entrevista coletiva à imprensa no Palácio do Planalto, após reunião com o presidente Michel Temer, acompanhado do presidente da comissão especial da Previdência, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), e do ministro Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo).

    No momento em que há críticas à comunicação do governo em relação à reforma, o discurso adotado foi o de que é natural que a proposta sofra alterações e o de que o ajuste fiscal está preservado. Os políticos repetiram, ainda, que as mudanças no texto vão todas no sentido de "atender os mais pobres" e acabar com privilégios.

    Nenhum integrante da equipe econômica participou da entrevista. O ministro Imbassahy, no entanto, deu o recado de que "tudo que está sendo feito vai preservar ajuste fiscal".

    Marun afirmou ter "a mais absoluta certeza" de que a reforma da Previdência será aprovada no Congresso Nacional.

    IMPACTO

    Mais tarde, na saída de almoço com os reis suecos, o presidente disse que o governo ainda vai avaliar os impactos de natureza fiscal da flexibilização, mas ressaltou que "aparentemente" não comprometem a proposta original.

    "Nós vamos depois avaliar as mudanças para ver se tem alguma repercussão de natureza fiscal, aparentemente não. Mas isso será feito depois", disse.

    Para ele, a decisão não pode ser considerada um recuo, porque foi tomada em respeito ao Congresso que, segundo ele, é "o centro das aspirações populares".

    Posteriormente o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil), um dos responsáveis pela articulação da reforma no Palácio do Planalto, disse que o governo deixará de economizar até R$ 68 bilhões em dez anos com os recuos.

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