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    Em Brasília, Pezão se inquieta com notícia falsa sobre intervenção no RJ

    RANIER BRAGON
    CAMILA MATTOSO
    DE BRASÍLIA

    07/04/2017 02h00

    Apesar da situação fiscal crítica de vários Estados, nenhum governador veio tanto a Brasília nas últimas semanas quanto Luiz Fernando Pezão, do Rio de Janeiro.

    Na noite de quarta (5), enquanto aguardava no plenário da Câmara outra longuíssima sessão de tentativa de votação do projeto de socorro aos Estados, Pezão manifestou à Folha, com um ar de resignação, outra inquietação: a possibilidade de intervenção federal no Rio.

    "Olha o que eu recebi agora", disse, enquanto procurava um e-mail no seu telefone celular. Quando encontrou, mostrou uma suposta notícia de que Michel Temer havia decidido intervir no Rio e que já tinha até o nome para comandar o Estado, o ministro e ex-governador Moreira Franco (Secretaria-Geral).

    Questionado sobre a confiabilidade da suposta reportagem, tendo em vista a enxurrada de notícias falsas na internet, se limitou a dizer: "Não é [falsa] não".

    Ellan Lustosa/Código19/Folhapress
    Governador Luiz Fernando Pezão em frente ao prédio da Justiça Federal, no Rio
    Governador Luiz Fernando Pezão em frente ao prédio da Justiça Federal, no Rio

    Após colocar o celular no bolso, afirmou ainda que àquela altura queria mais era encerrar a novela da votação do projeto de socorro, que vem sendo adiado sucessivas vezes por resistência da oposição, que quer derrubar parte das contrapartidas exigidas dos Estados.

    "Para mim, eu quero mais é que vote hoje e acabe logo, para ganhar ou para perder", disse o governador.

    A votação acabou não ocorrendo e foi adiada mais uma vez.

    O Rio vive um quadro de descalabro nas finanças e na administração. O Executivo vem tendo as contas bloqueadas pela União, atrasa salários e benefícios de servidores, além de faturas de fornecedores, o que levou o Tribunal de Justiça, o Ministério Público e a Assembleia Legislativa a recorrerem à Justiça.

    Já uma operação da Polícia Federal prendeu no fim de março cinco dos sete conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, além de ter levado o presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani (PMDB), aliado de Pezão, para dar depoimento.

    O governador é citado nessa investigação como beneficiário de R$ 900 mil e, segundo a Folha apurou, também é alvo da Lava Jato.

    CARRO-FORTE

    Depois de flagrar Pezão mostrando a mesma "notícia" a outros parlamentares, a reportagem o procurou de novo na noite de quarta, ainda no plenário da Câmara, para ouvi-lo sobre a história de intervenção.

    Mais uma vez ele demonstrou dar alguma credibilidade à informação de que a intervenção está decidida e que Moreira é o escolhido para assumir o timão do Estado.

    "Se [o interventor federal] chegar lá com dinheiro para pagar aos funcionários... Tem que chegar com carro-forte. Chegar só para ficar de lero não vai dar."

    Pezão chegou a ameaçar entrar com um pedido oficial de intervenção. O governo federal descarta essa solução.

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