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    Bancos disputam domínio de tecnologia para proteção de dados

    RAPHAEL HERNANDES
    DE SÃO PAULO

    15/04/2017 02h00

    Karen Bleier/AFP
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    O blockchain surgiu em 2008 como a infraestrutura responsável pela moeda virtual bitcoin

    Empresas brasileiras do setor financeiro disputam a corrida mundial por quem domina primeiro o blockchain.

    A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) criou uma comissão e um grupo de trabalho especificamente para tratar do assunto.

    "A gente entende que o blockchain está no que foi o internet banking na segunda metade dos anos 1990", diz Richard Flávio da Silva, superintendente-executivo de arquitetura de TI do Santander. "Achamos que será uma solução adotada em escala dentro de três a seis anos."

    Globalmente, o Santander pesquisa a ferramenta desde 2015. No Reino Unido, possui um aplicativo que usa o sistema para transferências bancária internacionais –a versão-piloto deve chegar ao Brasil nos próximos meses.

    Em 2016, a Visa apresentou o B2B Conect, projeto que pretende usar blockchain como forma segura de pagamentos entre empresas –e que deve ser lançado ainda em 2017, mas sem data para chegar ao Brasil.

    Enquanto faz pesquisas na área, a MasterCard oferece a parceiros acesso a uma rede experimental de blockchain focada em transações e em contratos inteligentes.

    Outro que vê a tecnologia com bons olhos é o Original. "Estamos pegando cada ferramenta da operação bancária e testando se seria viável no blockchain", afirma Guga Stocco, chefe de inovação e estratégia do banco.

    Marcelo Yared, chefe de tecnologia do Banco Central, ressalta a questão da confiança nesses novos protocolos. Ele estima que as instituições financeiras adotem o sistema em até cinco anos.

    RG ROUBADO

    O Banco do Brasil desenvolve um sistema para armazenar casos de fraudes. Seriam registrados –e compartilhados com outros bancos e cartórios–, por exemplo, RGs roubados que estão sendo usado por fraudadores.

    "Com um sistema centralizado [que é o usado hoje] eu poderia fazer o mesmo serviço, mas quem usasse teria que confiar no BB", diz Alexandre Conceição, gerente-geral de tecnologia da instituição.

    Com o blockchain, todos os participantes da rede teriam uma espécie de guarda compartilhada da base de dados. "O nível de confiança é maior", diz Conceição.

    Para Edilson Osorio Junior, presiente-executivo da OriginalMy.com, que usa blockchain para registrar a autenticidade de documentos digitais e contratos, a tecnologia faz com que não seja necessária a confiança em pessoas. "Ela vem diretamente no algoritmo."

    Bovespa, Bradesco e Itaú fazem parte do R3, consórcio internacional que trabalha na pesquisa e desenvolvimento de soluções para uma rede do próprio grupo. Cerca de 70 instituições financeiras estão no projeto –entre elas Barclays, Deutsche Bank e JPMorgan.

    "É uma relação de suporte. Tem uma relação próxima de consultoria e dá para a gente entender os cases lá de fora e tentar ver o que é útil", diz Antranik Haroutiounian, diretor de Pesquisa e Inovação do Bradesco.

    Um dos frutos do R3 é uma plataforma batizada de Corda, que se inspira no blockchain para facilitar transações entre seus membros. No caso dela, a ideia é um modelo que a torne mais eficiente no mercado financeiro.

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