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    Complexo parado da Petrobras no Rio é tomado por ferrugem e alvo de furtos

    NICOLA PAMPLONA
    LUCAS VETTORAZZO
    DO RIO

    16/04/2017 02h00

    Com as obras totalmente paralisadas desde setembro de 2015, o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) tem hoje instalações deterioradas pela ferrugem e é alvo de furtos de cabos e equipamentos.

    O projeto chegou a ser um dos maiores investimentos da Petrobras durante os governos PT, mas foi suspenso após o início da Operação Lava Jato, que descobriu um esquema de corrupção em obras da estatal.

    A Folha teve acesso a fotos feitas dentro do complexo, que mostram tanques e outras instalações enferrujadas.

    Segundo apurou a reportagem, entre 20 e 30 tanques de 15 metros de altura, que ficam nos fundos do complexo, localizado em Itaboraí, na região metropolitana do Rio de Janeiro, apresentam sinais de deterioração.

    A ferrugem, que também atinge tubulações, é resultado da suspensão das obras antes da etapa de pintura externa que protegeria as instalações.

    As atividades no local começaram a diminuir em 2014 e foram totalmente interrompidas em setembro de 2015. Hoje, o canteiro de obras está praticamente parado.

    No escritório da Petrobras na obra são prestados serviços administrativos, de limpeza e alimentação.

    No canteiro, só duas empresas atuam de fato –uma de segurança patrimonial e outra de manutenção, mas que trabalha apenas em painéis, motores e máquinas.

    Cerca de 300 trabalhadores estariam presentes diariamente no local.

    O projeto ocupa uma área de 45 quilômetros quadrados e, a despeito da segurança privada, tem sido alvo de furtos, principalmente de cabos de cobre e peças de painéis, e em geral cometidos à noite.

    PREJUÍZO

    O Comperj foi projetado durante a gestão do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, delator da Lava Jato, para ser um complexo de refinarias e unidades petroquímicas.

    Em delação, ele admitiu o pagamento de propinas pelas empreiteiras responsáveis pelas obras. Segundo o Ministério Público Federal, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral também se beneficiou dos pagamentos.

    No mais recente balanço, a Petrobras reduziu o valor contábil do ativo a zero, já que as refinarias e as unidades petroquímicas não constam mais dos planos da empresa no período de seu planejamento estratégico. Desde 2014, o Comperj acumula perdas contábeis de R$ 28 bilhões.

    Neste momento, os planos da estatal para a área limitam-se a uma unidade de tratamento de gás para receber a produção do pré-sal, com início de operações previsto para 2020. A licitação para a obra foi lançada no início do ano e deve ser concluída até o terceiro trimestre.

    OUTRO LADO

    Em nota, a Petrobras diz que vem realizando serviços de preservação no Comperj e que a oxidação nas instalações é superficial e "não constitui risco imediato de dano".

    Afirma ainda que os casos de furtos são pontuais e estão sendo tratados pela área de segurança patrimonial da empresa, com participação das autoridades.

    Em maio de 2015, quando o ritmo de obras já havia sido reduzido por causa da Lava Jato, a polícia prendeu quatro homens acusados de pertencer a uma quadrilha especializada em furto de metais, principalmente cobre, de dentro do complexo.

    A defesa de Cabral disse que só irá se pronunciar nos autos do processo.

    *

    ENTENDA O COMPERJ

    Editoria de Arte/Folhapress
    OF Comperj

    O QUE É

    Empreendimento planejado como um complexo de refinarias e unidades petroquímicas para a produção de matéria-prima para as indústrias química e de plásticos

    O QUE JÁ SAIU DO PAPEL

    Até agora, nada foi concluído. As refinarias e as unidades petroquímicas saíram do radar da Petrobras, que já contabilizou perdas contábeis de R$ 28 bilhões com o projeto

    O QUE DEVE VAI SAIR

    Nos planos atuais da estatal, está apenas a conclusão de uma unidade de tratamento de gás natural produzido no pré-sal, com operação prevista para 2020

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