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    Clima de cautela e commodities fazem Bolsa cair 0,27%; dólar sobe a R$ 3,11

    EULINA OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    18/04/2017 17h55

    O recuo das commodities e o cenário externo negativo fizeram o Ibovespa fechar em baixa nesta terça-feira (18), depois da alta de 2,40% da véspera.

    No campo doméstico, o adiamento da leitura do relatório final da reforma da Previdência na comissão especial da Câmara contribuiu para azedar o humor dos investidores.

    O dólar fechou em alta, para a casa dos R$ 3,11. A valorização da moeda americana foi contida pela rolagem de contratos de swap cambial pelo Banco Central.

    No mercado de juros futuros, as taxas fecharam em baixa, com parte dos investidores apostando na aceleração do ritmo de queda da taxa básica de juros (Selic) em maio.

    No cenário externo, a convocação de eleições gerais antecipadas no Reino Unido para 8 junho, feita pela primeira-ministra Theresa May, surpreendeu o mercado. A Bolsa de Londres fechou em baixa de 2,46%, e a libra disparou ante o dólar. A Bolsa de Paris perdeu 1,59%.

    As incertezas sobre o resultados da eleição presidencial francesa, no próximo domingo (23), a queda das commodities e tensões geopolíticas também mantiveram os investidores cautelosos.

    Em Nova York, o índice S&P 500 caiu 0,29% e o Dow Jones perdeu 0,55%, influenciados pelos balanços do primeiro trimestre do Goldman Sachs e da Johnson & Johnson, que ficaram abaixo do esperado. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 0,12%.

    BOLSA

    Seguindo seus pares globais, o principal índice da Bolsa brasileira fechou em baixa de 0,27%, aos 64.158,84 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,2 bilhões.

    O Ibovespa foi influenciado principalmente queda das ações da Vale e da Petrobras. As ações da mineradora perderam 3,86% (PNA) e 2,98% (ON), reagindo à forte queda do minério de ferro na China (-4,60%) pelo segundo pregão seguido.

    A commodity já caiu cerca de 20% neste ano por causa do excesso de oferta.

    As siderúrgicas também registraram baixa. Metalúrgica Gerdau PN caiu 4,42%, liderando as quedas do índice; CSN ON, -4,31%; Gerdau PN, -2,59%; e Usiminas PNA, -0,75%. As ações preferenciais da Bradespar, acionista da Vale, caíram 2,53%.

    Os papéis da Petrobras terminaram em queda de 1,26% (PN) e 1,29% (ON), diante da desvalorização do petróleo no mercado internacional, também pela segunda sessão consecutiva.

    No setor financeiro, Itaú Unibanco PN perdeu 0,36%; Bradesco PN, -0,59%; Bradesco ON, +0,03%; Banco do Brasil ON, +0,96%; e Santander unit, +3,36%.

    CÂMBIO

    Em uma sessão volátil, o dólar comercial fechou em alta de 0,28%, a R$ 3,1140, apesar a rolagem, pelo BC, de mais 16 mil contratos de swap cambial que vencem em maio, no montante de US$ 800 milhões. A operação equivale à venda futura de dólares.

    No exterior, a moeda americana teve desempenho misto perante emergentes.

    Para Ricardo Gomes da Silva, superintendente de câmbio da Correparti Corretora, a alta do dólar foi causada "pelo desconforto dos agentes econômicos pelo adiamento do parecer da reforma da Previdência para amanhã [quarta-feira]".

    Os temores no mercado são que o cronograma de votação da reforma seja prejudicado.

    JUROS

    O mercado de juros futuros fechou em queda, reagindo à ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, que indicou que os membros do colegiado chegaram a discutir um corte de juros superior a 1 ponto percentual.

    Na semana passada, o comitê reduziu a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto, para 11,25% ao ano.

    O contrato de DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2018 caiu de 9,635% para 9,535% ao ano; o contrato de DI para janeiro de 2021 recuou de 9,920% para 9,880%; e o contrato para janeiro de 2026 cedeu de 10,315% para 10,310%.

    Neste mercado, investidores buscam proteção contra flutuações dos juros negociando contratos para diferentes vencimentos.

    "Os DIs caíram porque, com a ata, o mercado entendeu que existe a possibilidade de que o próximo corte dos juros seja acelerado para 1,25 ou até 1,50 ponto percentual", avalia Alexandre Wolwacz, sócio do Grupo L&S, de serviços na área financeira.

    Segundo Wolwacz, o Copom tem se mostrado cauteloso ao reduzir os juros, apesar da necessidade urgente de se aquecer a economia. "A inflação está controlada no curtíssimo prazo, mas é preciso garantir que ela se mantenha assim nos próximos anos."

    Ainda assim, o fato de a aceleração de corte dos juros ter sido considerada pelo Copom na última reunião do colegiado foi suficiente para elevar as apostas do mercado nessa direção.

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