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    Meirelles diz que era esperado que postos de trabalho caíssem em março

    ISABEL FLECK
    DE WASHINGTON

    20/04/2017 18h20

    O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse, nesta quinta-feira (20), em Washington, que eram "esperados" os números do Ministério do Trabalho que mostram a perda de 63,6 mil empregos com carteira assinada em março.

    "Esse processo de reversão [da situação econômica] tem uma certa defasagem no que diz respeito à criação de empregos, então isto é um numero esperado. Segundo a nossa expectativa, no meio do ano, teremos uma estabilização e o início de um fluxo mais estável de criação de empregos", disse Meirelles na capital americana, onde participa dos encontros de Primavera do FMI (Fundo Monetário Internacional).

    O ministro disse ainda que há uma "volatilidade grande" na análise dos dados mês a mês. "Com um número muito forte de crescimento [da economia] em fevereiro, o que o dado do emprego pode mostrar é alguma acomodação no mês de março da atividade", afirmou.

    O número de março reverte a melhora verificada em fevereiro, quando foi registrado um saldo positivo de 35,7 mil vagas.

    Saldo das vagas no emprego formal - Série com ajustes, em mil

    Questionado se a perda de empregos em março mostra urgência de aprovação da reforma trabalhista, Meirelles disse que a necessidade de mudança é "um fato", independente dos números.

    "Ela [reforma trabalhista] precisa ser feita, quanto mais rápido o Brasil voltar a crescer, em taxas melhores, mais importante", afirmou.

    TUMULTO

    Após afirmar numa palestra no think tank Atlantic Council que as reformas não deverão "ser aprovadas sem tumultos" no Brasil, Meirelles afirmou que a previdenciária deve acirrar mais os ânimos do que a trabalhista.

    "A [reforma] previdenciária trata de um tema que atinge a todos, em última análise, que é a expectativa de se aposentar", disse.

    O ministro, contudo, disse achar que a "parte mais forte disso [das manifestações] já passou".

    "Acho que está um pouco mais calmo, já está se chegando de fato a um movimento onde a reforma já está andando normalmente e as diversas partes já tiveram parte de se manifestar", afirmou, acrescentando que as manifestações são "parte da democracia, mas a violência é condenável".

    MUDANÇAS NA PREVIDÊNCIA

    Meirelles disse que já estava na "expectativa" do governo e do mercado a previsão feita momentos antes pelo presidente Michel Temer sobre a redução da perspectiva de economia com as mudanças feitas pelo relator, Arthur Maia (PPS-BA), no texto final da reforma previdenciária.

    Segundo Temer, a economia com a reforma da previdência antes estimada em R$ 800 bilhões no período de dez anos caiu para um valor de "R$ 600 bilhões ou R$ 580 bilhões".

    "Este número representa uma redução de cerca de 24% da proposta inicial [em dez anos]. O que significa, portanto, uma reforma —caso seja aprovada nestes termos— que vai dar um benefício fiscal de cerca de 76% da proposta inicial", disse Meirelles. "O mercado já estava trabalhando com o [número de] 70%, estava dentro das nossas expectativas."

    O ministro repetiu, porém, que as mudanças no texto já estão no limite. "Estamos muito próximos, se já não estamos lá, do limite onde a reforma da previdência terá uma duração de longo prazo. É importante que seja uma reforma da previdência para durar, para que não seja necessário, daqui a poucos anos, ter que se falar em reforma da previdência."

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