Start-ups querem acabar com a peregrinação por várias lojas para negociar e vender carros usados.

Para acelerar o processo, InstaCarro e Car$Sale apostam na realização de leilões virtuais com a participação de milhares de compradores.

A InstaCarro foi aberta no final de 2015. Sua promessa é vender carros usados em até uma hora e meia.

No serviço da empresa, é necessário que o consumidor vá até um dos sete espaços que a companhia possui em São Paulo. Lá, são feitas avaliações e fotos dos veículos.

A seguir, a start-up coloca as informações do carro em plataforma virtual e inicia leilão, disputado por 1.500 lojas parceiras do serviço.

Após cerca de uma hora, o vendedor do carro fica sabendo qual foi o maior lance e decide se quer fechar negócio.

Diego Fischer, cofundador da empresa, conta que são em média 15 lances por carro.

A companhia fica com comissão sobre o valor da venda, porém não informou qual o percentual cobrado. Segundo Fischer, a start-up avalia qual a comissão ideal a ser praticada.

A empresa tem entre seus primeiros investidores a russa CarPrice, que usa modelo semelhante. Em março, a empresa anunciou ter recebido uma injeção de capital adicional de R$ 33 milhões de fundos de
investimento estrangeiros.

Segundo Fischer, o leilão virtual diminui o risco de vendedores receberem propostas muito baixas. Isso porque eles dão resultado equivalente a fazer cotações em várias lojas.

Porém ele diz que a empresa não se propõe a obter preços semelhantes àqueles que vendedores conseguiriam se vendessem diretamente para outras pessoas, em vez de lojas.

A confeiteira Mariana Moyses, 32, diz que descobriu a InstaCarro na internet em uma noite e,, no dia seguinte, vendeu com ela um Chevrolet Agile 2011.
Ela afirma que recebeu uma proposta de R$ 18.300 (descontada a comissão da empresa), o que achou justo.

"Se o carro estivesse bonitinho, poderia valer até R$ 21 mil. Mas sabia que tinha várias coisas para arrumar, talvez gastasse R$ 4.000 antes de vender", diz.

NO APLICATIVO

Já o Car4$ale quer acelerar os negócios conectando via aplicativo quem quer vender um carro com compradores em potencial a partir de um aplicativo.

Compradores podem dar lances para os carros cadastrados. O sistema busca gerar a melhor oferta possível notificando quem fez propostas em um carro sempre que ele recebe novo lance.

Com serviço no ar desde setembro, a companhia tem feito 200 vendas por mês e possui cerca de 140 mil cadastrados, diz Daniel Corrêa, fundador da empresa.

A empresa fica com comissão de 1% sobre as vendas.

Aumentar o número e a velocidade de negociações é o desafio desse modelo de negócios, baseado na intermediação de vendas via plataforma na internet e conhecido como marketplace. Se isso não ocorrer, compradores e vendedores podem desistir do serviço.

A pedido da Folha, o especialista em compra e venda de carros para particulares Rubens de Oliveira Junior, 39, cadastrou dois veículos no serviço, um Gol e um Citroën C3, ambos de 2015.

Ele avaliou positivamente o processo de cadastro dos carros, feito em cinco minutos. Porém, após seis dias de anúncio no ar, Junior se disse frustrado com o resultado. Não houve nenhum lance para os carros oferecidos.