• Mercado

    Thursday, 02-May-2024 12:11:56 -03

    o brasil que dá certo - energia

    Ferramentas transformam desperdício na indústria em eletricidade

    NADIA PONTES
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    28/04/2017 02h00

    Bruno Santos/Folhapress
    Laboratório da Unesp de Guaratinguetá
    Laboratório da Unesp de Guaratinguetá

    Quando Julio Vieira percebeu que mais de 20% das indústrias desperdiçavam energia sem saber, enxergou também uma oportunidade de negócio. O segredo estava nas válvulas redutoras de pressão, usadas em sistemas a vapor que movem desde fábricas de alimentos a usinas de papel e celulose.

    A proposta de Vieira é substituir essas válvulas por turbinas: quando o vapor passa pelo equipamento, o calor, que antes era desperdiçado, vira eletricidade. A turbina redutora de pressão voltada para microgeração é projetada pela Prosumir, start-up fundada pelo engenheiro mecânico.

    "O desperdício não é mais aceito, e o reaproveitamento de energia é cada vez mais discutido em todo o mundo", afirma ele, que tenta expandir o uso da turbina para hotéis e hospitais.

    Redução nos custos com energia, segundo a proposta da Beenergy, tem a ver com transformar qualquer funcionário em bom gestor. A start-up criou uma plataforma única que simplifica dados sobre consumo e controle de contas geralmente dispersos em planilhas.

    O serviço ajuda empresas a encarar a fatura de energia como um imposto, além de analisar itens "escondidos", como contrato de demanda.

    "A plataforma indica para a empresa qual a melhor forma de comprar energia e utilizá-la", explica Gérson Ferraz, CEO da start-up. "Isso significa menos custo por item produzido."

    Em redes de supermercados, por exemplo, a eletricidade é a segunda maior despesa. "Em tempos de crise, uma coisa pelo menos tem que crescer: a economia de energia", comenta Ferraz, indicando que a redução chega a 30% em algumas empresas.

    Em busca de soluções semelhantes, multinacionais como a Basf recorrem aos laboratórios da Unesp de Guaratinguetá, no interior paulista. O último projeto conjunto tinha a meta de cortar R$ 1 milhão em despesas com energia em 2016 -a economia chegou a R$ 6 milhões.

    "Quando se trabalha com energia, é preciso integrar várias ações ao mesmo tempo: tecnologia, educação, procedimentos. A tecnologia tem limite, a forma de uso da energia é muito importante", comenta Pedro Magalhães Sobrinho, professor da Unesp que coordenou a parceria.

    Para residências e escritórios, a start-up Bluelux criou um sistema simples de automação da iluminação que pode ser controlado do smartphone. "É uma forma de combate ao desperdício evitando luzes acesas durante a noite ou fins de semana em escritórios, por exemplo. A economia pode ultrapassar os 30%", afirma Tiago Loureiro, diretor da empresa.

    O interesse de multinacionais no sistema da Bluelux, que é de fácil instalação, obrigou a equipe a fazer ajustes. "Tivemos que criar novos hardwares. Agora, equipamentos como ar-condicionado e TV, que são numerosos em grandes unidades, podem ser controlados remotamente", diz Loureiro.

    A demanda por inovações que reduzam gasto de energia só cresce, afirma Rafael Levy, diretor do Centro de Open Innovation Brasil. "Dos 2.200 executivos com quem mantemos contato, 33% têm interesse no tema", revela.

    Em contrapartida, apenas 4% das start-ups cadastradas no centro estão voltadas para o problema, segundo Levy. "Isso quer dizer que há espaço, que o mercado precisa de mais soluções", diz.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024