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    o brasil que dá certo - energia

    Após dez anos de pesquisas, ralo que recicla calor deve chegar ao mercado

    EVERTON LOPES BATISTA
    DE SÃO PAULO

    28/04/2017 02h03

    O engenheiro mecânico Fernando Brucoli fundou a Enercycle com o foco inicial em um produto: desenvolver e vender um ralo que recicla o calor da água que sai quente do chuveiro.

    "A energia que gastamos para esquentar a água para o banho escorre quase toda pelo ralo", diz ele, que teve a ideia de reutilizar esse calor quando ainda era um estudante universitário.

    Pode vir quente

    Na potência mais alta, a água sai do chuveiro a uma temperatura de aproximadamente 40 graus. Depois de passar pelo corpo humano e cair no ralo, cai para 36 graus, de acordo com medições do engenheiro.

    "Cerca de 80% da energia que gastamos para fazer a água passar da temperatura ambiente, que fica perto de 15 graus em média, para os 40 graus do banho, é desperdiçada", conclui Brucoli.

    Segundo ele, o dispositivo pode economizar até 40% do que um chuveiro elétrico gasta -valor que corresponde a 16% do consumo total de energia em uma residência.

    A previsão é de que o produto chegue ao mercado até o término de 2018. O preço final estimado do Cycledrain, nome comercial que o dispositivo recebeu, é de R$ 790.

    "Ele é mais indicado para prédios novos, que podem ser feitos já pensando na implantação do ralo", afirma Brucoli. "Em construções já existentes é necessária uma adaptação que envolve quebrar paredes e chão e pode deixar a instalação mais cara."

    O engenheiro acrescenta ainda que o dispositivo deve se pagar, com a economia na conta de energia, em até dois anos e meio.

    INVESTIMENTO

    Há mais de dez anos Brucoli trabalha com o desenvolvimento do ralo.

    Em 2011 a Enercycle ganhou novo fôlego ao ser incubada no Cietec (Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia), ligado ao governo do Estado e a instituições de pesquisa, como a USP, e, aos poucos, os protótipos caseiros foram adquirindo mais consistência.

    O investimento total até agora, diz o engenheiro, foi de cerca de R$ 180 mil.

    A versão atual consiste em uma caixa que é instalada no lugar do ralo. Antes de subir para o chuveiro, o cano que carrega a água limpa precisa ser desviado para passar por dentro do Cycledrain, onde fica imerso na água usada quente e dela recebe calor.

    Dessa maneira, afirma Brucoli, é possível tomar um banho quente usando uma potência menor.

    "Em vez de esquentar água fria, o chuveiro vai gastar menos energia para esquentar a água morna", explica ele.

    A empresa foi graduada pelo Cietec em 2016, o que significa que a ideia se tornou, enfim, um produto vendável.

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