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    o brasil que dá certo - energia

    Carrões que rodam sem emitir poluentes chegam ao Brasil

    EDUARDO SODRÉ
    COLUNISTA DA FOLHA

    28/04/2017 02h00

    Divulgação
    Volvo XC90 T8, modelo hibrido que também pode ser recarregado na tomada
    Volvo XC90 T8, modelo hibrido que também pode ser recarregado na tomada

    Um utilitário de quase duas toneladas se move em silêncio por São Paulo. O Volvo XC90 T8 passeia usando apenas energia elétrica, algo possível por 35 quilômetros. As vantagens ambientais são evidentes, embora não sejam o principal fator de compra.

    De acordo com Leandro Teixeira, diretor de marketing da Volvo, pesquisas mostram que clientes desse segmento se importam mais com potência, status e tecnologia, e raramente incluem preocupações ecológicas entre os motivos para comprar o utilitário de R$ 457 mil.

    O mesmo acontece com o Porsche Cayenne Hybrid (R$ 432 mil) e o esportivo BMW i8 (R$ 798 mil), que podem tanto andar rápido como ser exemplos de veículos verdes. Cabe a esses supercarros o papel de apresentar um futuro menos poluído a um país que tem muita energia limpa a oferecer e poucos veículos para aproveitá-la.

    Os modelos mencionados têm tecnologia híbrida plug-in. Isso significa que,além de poderem funcionar ao mesmo tempo com gasolina e eletricidade, podem ser recarregados na tomada. Se hoje são raros símbolos de status, amanhã terão a companhia de opções mais em conta.

    "Carros desse tipo são pensados para os 'early adopters', termo que define aqueles que gostam de ser os primeiros a adotar uma nova tecnologia. Eles querem ter uma imagem descolada e ditam tendências", diz Roger Armellini, gerente geral de planejamento de produto e preço da Toyota no Brasil.

    A montadora japonesa é uma das que mais apostam na massificação dos carros verdes: segundo a diretriz da empresa, todos os seus veículos novos terão alguma tecnologia não poluente até 2050. O principal dessa estratégia é o híbrido Prius, vendido no Brasil por R$ 126,6 mil, mas sem sistema plug-in.

    Eduardo Sodré/Folhapress
    O Porsche Cayenne Hybrid durante apresentação na edição 2016 do Salão Internacional do Automóvel de Paris
    O Porsche Cayenne Hybrid durante apresentação na edição 2016 do Salão Internacional do Automóvel de Paris

    Armellini explica que esse é o ciclo natural na indústria automotiva: os avanços surgem em modelos mais caros, que vendem pouco, mas despertam o desejo do grande público. Por isso é fácil prever que, embora ainda discreta, a presença de carrões não poluentes no Brasil é o começo da mudança nas ruas.

    "Analisamos sempre o mercado, as demandas, e o que temos hoje no país se deve à nossa matriz energética. Há estudos de como o reabastecimento em larga escala de carros plug-in ou 100% elétricos poderia impactar na rede elétrica, e alguns empreendimentos novos já oferecem pontos de recarga, embora ainda incipientes", diz o executivo da Toyota.

    Enquanto carros mais acessíveis e livres de emissões não chegam, vale conhecer os ganhos reais das novas tecnologias. O Volvo XC90 T8 foi levado ao Instituto Mauá de Tecnologia para medições de desempenho.

    Na prova de consumo urbano no modo híbrido, o utilitário teve média de 29,4 km/l com gasolina. É o melhor resultado já obtido entre todos os carros que passaram pelo teste, e ainda há a possibilidade, embora limitada a 35 quilômetros, de rodar usando somente eletricidade.

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