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    Com dificuldades financeiras, Alitalia pede administração judicial

    JAMES POLITI
    DO "FINANCIAL TIMES", EM ROMA

    02/05/2017 13h50

    Tony Gentile/Reuters
    An Alitalia airplane is parked at Fiumicino airport near Rome September 19, 2008. Italy's civil aviation authority ENAC will ground Alitalia flights in 7-10 days from next Monday if the special administrator does not present a new rescue plan to them that day, a source at ENAC said on Friday. REUTERS/Tony Gentile (ITALY)
    Avião da Alitalia

    A Alitalia fez um pedido formal de indicação de um administrador, em um processo que provavelmente conduzirá à sua venda ou liquidação, o que significa o colapso da companhia de aviação de bandeira da Itália.

    Depois de uma assembleia de acionistas nesta terça-feira (2), o conselho da empresa, que vem sofrendo fortes prejuízos, aprovou a medida por unanimidade, apontando para sua "séria situação econômica e financeira" e para a "inviabilidade de encontrar soluções alternativas rapidamente."

    O governo italiano de centro-esquerda liderado pelo primeiro-ministro Paolo Gentiloni terá agora de indicar por decreto entre um e três comissários dotados de amplos poderes para comandar a Alitalia nos próximos meses, demitindo pessoal e renegociando contratos quando necessário.

    A decisão de solicitar administração judicial é o ponto mais baixo na reversão das fortunas da Alitalia da metade de 2014 para cá. Naquele período, a Etihad, uma companhia de aviação dos Emirados Árabes Unidos, adquiriu participação acionária de 49% na empresa italiana como parte de seu esforço de expansão mundial.

    Mas a Alitalia se viu prejudicada por sua base de custos elevada e pela competição cada vez mais forte oferecida por companhias de aviação de baixo custo, especialmente a Ryanair, no mercado europeu.

    A Alitalia adotou um plano agressivo de reestruturação em março, depois de uma negociação com os sindicatos, mas ele foi rejeitado em votação pelos quase 12 mil funcionários da empresa, no mês passado.

    O resultado da votação foi que os principais investidores da empresa, entre os quais os bancos italianos UniCredit e Intesa Sanpaolo, abandonaram seu compromisso para com um pacote de crédito de dois bilhões de euros que estenderia a vida da empresa.

    O governo de Gentiloni até o momento descartou a nacionalização da companhia, com a retomada do controle estatal sobre ela, em função de resultados de pesquisas de opinião pública que indicam que os italianos prefeririam permitir que ela entre em colapso.

    Mas as autoridades ainda estão considerando conceder um empréstimo ponte em valor de até € 500 milhões à Alitalia, para permitir que ela continue operando por mais seis meses ou ainda mais tempo, até que um comprador seja encontrado ou surja a decisão de que a companhia deve ser liquidada.

    Os termos de um empréstimos governamental como esse já foram alvo de negociações informais com as autoridades de defesa de competição da União Europeia, que teriam de garantir que a transação não viole as regras de Bruxelas quanto a assistência estatal.

    De acordo com a mídia italiana, Luigi Gubitosi, antigo gestor da Rai, a rede estatal de rádio e TV italiana, e Enrico Laghi, que foi comissário da Ilva, uma grande siderúrgica na região da Apúlia, são os mais prováveis candidatos a comandar a Alitalia agora. A empresa anunciou que seu cronograma de voos não será alterado, por enquanto.

    A despeito de pesquisas que indicam que os italianos prefeririam o fechamento da empresa a um novo resgate, a demissão de milhares de trabalhadores em polos importantes como Roma e Milão poderia ser problemática para o governo de Gentiloni.

    A questão subiu rapidamente ao topo da agenda política de Matteo Renzi. O ex-primeiro ministro, reeleito no domingo para a liderança do Partido Democrático, situacionista, prometeu propor até a metade do mês um plano para manter a Alitalia em funcionamento.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

    Edição impressa
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