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    Renan opera contra governo e reforma trabalhista deve atrasar no Senado

    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    03/05/2017 17h48

    Um acordo que contou com a articulação de Renan Calheiros (PMDB-AL), líder do PMDB no Senado, atrasará em pelo menos um mês a votação da reforma trabalhista no plenário da Casa.

    Vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) reviu sua previsão inicial e disse nesta quarta (4) que a tramitação levará de 45 a 60 dias após a inclusão de mais um colegiado para a discussão da pauta.

    A conta inicial do governo do presidente Michel Temer era que o texto fosse aprovado em até 30 dias.

    A declaração de Cunha Lima ocorreu horas após o presidente do Casa, Eunicio Oliveira (PMDB-CE) -em licença médica-, autorizar acordo com a oposição a Temer para que a reforma passasse, sem regime de urgência, também pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), além da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) e CAS (Comissão de Assuntos Sociais).

    "Vamos ter 45 a 60 dias. Vai começar na CAE, com duas audiências públicas em conjunto com a CAS, isso leva duas semanas. Na sequência, segue para a CCJ e, por fim, chega à CAS para votação em plenário", disse Cunha Lima.

    Inicialmente, líderes do Senado decidiram, em reunião sem Renan na terça-feira (3), que a reforma passaria apenas pela CAE e CAS, para acelerar a tramitação do texto.

    O peemedebista, porém, atuou para que a reforma tramitasse também pela CCJ, presidida pelo senador Edison Lobão (PMDB-MA), seu aliado. A medida representa um risco ao governo, visto que o relator no colegiado para a proposta será indicado com influência do atual líder do PMDB, publicamente contrário às reformas trabalhista e da Previdência.

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    A postura de Renan fez com que o Planalto avaliasse que sua situação como líder do PMDB no Senado chegou a um "nível insustentável".

    Na avaliação de auxiliares do presidente, o quadro chegou ao limite após o discurso do peemedebista contra a reforma trabalhista, na semana passada, somado à atuação do senador para que a proposta passe por mais uma comissão no Senado, sem regime de urgência, atrasando, assim, a tramitação do texto.

    No fim da manhã desta quarta (4), Renan se reuniu com o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e disse que era fundamental que a reforma trabalhista passasse pela CCJ.

    Pouco depois, Cássio Cunha Lima telefonou ao senador Radolfe Rodrigues (Rede-AP) e sugeriu o acordo: a reforma trabalhista passaria por CCJ, CAS e CAE, desde que a oposição desistisse de votar requerimentos em plenário para que, além da CCJ, fosse incluída a Comissão de Direitos Humanos. Randolfe conversou com Renan e senadores do PT, que sinalizaram aceitar a proposta de três comissões, não quatro.

    "O papel do Renan tem sido assegurar que o rolo compressor do governo enganche", disse Randolfe.

    LIDERANÇA DO PMDB

    Em rota de colisão pública com o governo Temer, Renan viu nesta quarta (4) uma articulação de colegas de bancada para tirá-lo da liderança do partido no Senado.

    Nove senadores do PMDB, entre eles Jucá reuniram-se reservadamente para discutir a situação de Renan.

    Senadores chegaram a aventar a possibilidade de fazerem uma reunião da bancada na noite desta quarta, mas Renan marcou a conversa para a próxima semana.

    Pelo menos metade da bancada peemedebista diz que não tem sido ouvida por Renan e que o líder expõe suas opiniões contrárias ao governo sem consultá-los.

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