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    Após críticas a reformas, Planalto quer mudança de postura de Renan

    MARINA DIAS
    DE BRASÍLIA

    04/05/2017 20h02

    Secretário-geral da Presidência e um dos principais auxiliares de Michel Temer, Moreira Franco disse nesta quinta-feira (4) à Folha que causa "certa estupefação" a postura do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), publicamente crítica ao governo.

    De acordo com Moreira, Temer não vai se envolver diretamente nas articulações sobre a manutenção ou retirada de Renan do cargo de líder do PMDB no Senado, mas afirma que o ex-presidente da Casa precisa mudar de postura se quiser continuar no cargo.

    "É um problema da bancada, não do governo, mas causa uma certa estupefação que o líder da bancada do partido do governo tenha uma postura pública crítica ao governo", disse Moreira. "É preciso fazer todo o esforço para pacificar Renan, mas ele precisa mudar de posição", completou.

    A declaração do ministro acontece um dia depois que um acordo no Senado, capitaneado por Renan, resultou no possível atraso da votação da reforma trabalhista em pelo menos um mês, o que irritou o Planalto.

    A manobra, segundo auxiliares de Temer, elevou a tensão do governo com Renan a um "nível insustentável" e a bancada do PMDB começou a articular ativamente para tirá-lo da liderança da sigla.

    Segundo a Folha apurou, Temer deu carta branca para o líder do governo no Senado e presidente do PMDB, Romero Jucá (PMDB-RR), conduzir a situação de Renan à frente da bancada.

    A aliados, Jucá tem dito que está tentando compor com Renan, pois sabe que, totalmente rompido com o governo, o senador de Alagoas pode complicar ainda mais a vida de Temer ao se unir de vez com a oposição.

    Moreira vai na mesma linha e diz que é preciso "todo o esforço para pacificar Renan".

    Na próxima terça-feira (9), um jantar na casa da senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) será usado pela bancada do partido para estabelecer, segundo senadores peemedebistas, "procedimentos para disciplinar Renan".

    A ideia é que ele freie as críticas ao governo, o que aliados consideram pouco provável, ou deixe claro quando está dando uma opinião pessoal e uma opinião da bancada.

    Diante da postura de Renan nos dias seguintes ao encontro, a bancada tomará uma decisão definitiva. São necessário 12 dos 22 senadores do PMDB para destituir o senador do cargo.

    REVANCHE

    O Planalto já articula uma reação política a Renan após a articulação que pode atrasar a reforma trabalhista no Senado. O peemedebista conseguiu que o tema tramite em mais um colegiado, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), presidida por um aliado seu, além da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) e CAS (Comissão de Assuntos Sociais), como era inicialmente previsto.

    A estratégia do governo, porém, é apresentar um requerimento de urgência daqui a um mês, para que a reforma trabalhista seja votada no plenário do Senado em junho. A previsão do governo era que a tramitação durasse um mês, mas a manobra de Renan, que conseguiu acordo com a oposição, fez com que o prazo subisse para pelo menos 60 dias.

    Na CCJ, Lobão deve indicar Jucá para ser relator da proposta. Na CAE, a relatoria ficará com o Ricardo Ferraço (PSDB-ES), e na CAS o quadro ainda não está definido.

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