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    Previdência

    Após relator, presidente de comissão da Previdência tem celular clonado

    DANIEL CARVALHO
    GUSTAVO URIBE
    DE BRASÍLIA

    05/05/2017 19h00

    Pedro Ladeira/Folhapress
    Deputados Arthur Maia (relator) e Carlos Marun, que tiveram celulares clonados
    Deputados Arthur Maia (relator) e Carlos Marun, que tiveram celulares clonados

    Não bastasse ter que lidar com a invasão de agentes penitenciários que impediu que a votação da reforma da Previdência fosse concluída, o presidente da comissão especial que discute o tema na Câmara encerrou a semana com outra dor de cabeça: seu celular foi clonado e seu WhatsApp disparou mensagens pedindo dinheiro a parentes e colegas parlamentares.

    "Sumiu tudo e trancou meu WhatsApp. Para alguns lugares foi uma mensagem pedindo dinheiro numa conta no Banco do Brasil. Mandei para a [assistência] técnica e tive que trocar o número do WhatsApp", disse o deputado Carlos Marun.

    A irmã do deputado foi uma das pessoas que recebeu mensagem.

    "Usa Banco do Brasil?", indagou o hacker.

    "Não, por quê?", retrucou a irmã de Marun.

    "Usa algum por aplicativo ou computador pra me fazer um favor?", insistiu o bandido.

    "Eu não... Estou achando estranho isso, pois não está aparecendo o horário que entras e sais do Whats. Está estranho isso...", encerrou a irmão do deputado.

    Ele não é o primeiro membro da comissão a ter o aplicativo de troca de mensagens hackeado.

    Como a Folha mostrou, no final do mês passado, os números do relator da reforma, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA) e do deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), que também integra o colegiado, enviaram mensagem solicitando apoio financeiro aos colegas.

    À época, o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) enviou aos deputados, pelo aplicativo, o comprovante da transferência, no valor de R$ 5 mil, para uma conta com o nome de Évelyn Santos. O deputado disse ter conseguido reverter a situação.

    VOTAÇÃO

    Antes de ter seu WhatsApp clonado, Marun conversou com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que encontra-se no Líbano, em viagem de trabalho.

    Eles combinaram que a comissão da reforma da Previdência retomaria os trabalhos na terça-feira (9) para concluir a votação dos dez destaques que não foram apreciados por causa da invasão dos agentes penitenciários.

    Neste final de semana, o deputado Beto Mansur (PRB-SP), que tem auxiliado o Planalto na comunicação a respeito da reforma da Previdência, vai telefonar para líderes das bancadas. Quer fechar na próxima semana sua estimativa de votos para que o Planalto atue mais diretamente com os parlamentares que ainda podem mudar de ideia e apoiar a proposta.

    O governo discute esperar a aprovação da reforma trabalhista no Senado antes de colocar em votação a nova Previdência no plenário da Câmara, o que poderá atrasar o atual cronograma de votação.

    A ideia é dividir o desgaste, que tem recaído até o momento somente sobre a Câmara.

    A expectativa é que a reforma trabalhista seja analisada pelo plenário do Senado no início de junho, o que adiaria a previdenciária para a segunda quinzena do mês que vem ou até para julho.

    Com mais tempo, o presidente teria margem de negociação para assegurar os 308 votos necessários para aprovar a reforma na Câmara.

    FATOR RENAN

    A tramitação da reforma trabalhista no Senado, no entanto, tem um fator de risco para o governo. O líder do PMDB na Casa, senador Renan Calheiros (AL), tem feito críticas ao Planalto e às reformas e representa perigo para os planos do presidente Michel Temer.

    Para tentar blindar a influência de Renan, Temer se reunirá nesta terça-feira com a bancada do PMDB no Senado. No encontro, ele discutirá a indicação de um senador do partido para a relatoria da reforma da Previdência na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

    Os nomes favoritos do presidente são Rose de Freitas (ES) e Romero Jucá (RR), líder do governo no Senado. Temer busca um relator que tenha proximidade com o Palácio do Planalto, influência sobre a bancada peemedebista e não desagrade Renan, evitando dar motivos para que ele tente atrasar o cronograma da proposta.

    No encontro, o presidente pedirá também que a bancada peemedebista articule a apresentação de um requerimento de urgência para a reforma trabalhista.

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