-
-
Mercado
Wednesday, 08-May-2024 01:47:02 -03Vinte anos após privatização, Vale abre nova fase com gestão austera
RENATA AGOSTINI
DE SÃO PAULO06/05/2017 02h00
Em três semanas, o engenheiro Fabio Schvarstman entrará no número 700 da avenida das Américas, no Rio de Janeiro, com a missão de conduzir a mineradora Vale numa nova etapa, 20 anos após a privatização da companhia.
Ele terá que encontrar formas de cortar ainda mais os custos e garantir a redução da dívida, adotando uma gestão austera para se adaptar a tempos de minérios mais baratos e incertezas sobre o crescimento da China, principal mercado da mineradora.
Durante quase uma década, a Vale surfou a expansão da economia mundial, que fez o preço das commodities dispararem. Quanto mais o minério subia, mais a receita e o valor de suas ações cresciam.
VALE: 20 ANOS Privatizada em 1997, empresa ainda sofre com influência política Há 20 anos, FHC incentivou consórcios da Vale após vencer hesitação Acionistas lutam para blindar empresa contra influências políticas Vale abre nova fase com gestão austera Foi nesse período de euforia que seu presidente mais longevo, Roger Agnelli, levou a Vale para novos negócios e aquisições no exterior, como a compra da mineradora canadense Inco, em 2006, e da fabricante de fertilizantes Fosfertil no Brasil, em 2010.
Quando deixou a empresa no início de 2011, após dez anos, a Vale chegara a outro patamar. A mineradora privatizada em 1997 já era um colosso, com US$ 4,5 bilhões em receitas e 11 mil funcionários por cinco países. Ao fim da era Agnelli, faturava US$ 50 bilhões e tinha 71 mil empregados em 24 nações.
O problema é que era também uma companhia agigantada para um mercado que daria em breve sinais de retração. O sucessor, Murilo Ferreira, tratou de enxugá-la: represou investimentos, cortou 80% dos custos e vendeu mais de US$ 10 bilhões em minas, navios, e outros ativos.
Agora, chegou a vez de Schvartsman. "Murilo foi a pessoa certa no momento certo. Fez o trabalho necessário", diz Ivano Westin, analista de mineração do Credit Suisse. "Em aberto está o que Fabio fará: se pagará mais dividendos ou colocará a Vale de volta à rota de crescimento."
Se depender dos acionistas, será a primeira opção. No bloco de controle da companhia, onde Bradesco, o fundo de pensão Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, e a japonesa Mitsui dão as cartas, a palavra que mais se repete hoje é "continuidade".
Um executivo ligado a um dos controladores diz que não há necessidade de reestruturação ou de "inventar moda". A ordem é priorizar resultados. A ideia é que a Vale esteja preparada para operar bem seja qual for o preço do minério no mercado. Se ele subir e os ganhos aumentarem, é lucro —de preferência, para o bolso dos sócios.
A empresa fechou 2016 com lucro de US$ 4 bilhões, superando perdas de 2015. O faturamento subiu 20% e a geração de caixa melhorou.
Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br
Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.brPublicidade -