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    JBS adia plano para entrar na Bolsa de Nova York

    RENATA AGOSTINI
    DE SÃO PAULO

    17/05/2017 02h00

    Danilo Verpa/Folhapress
    Joesley Batista, dono da JBS
    Joesley Batista, dono da JBS

    A JBS adiou os planos para sua oferta pública inicial de ações nos EUA, prevista para ocorrer até junho.

    Segundo o presidente da empresa, Wesley Batista, o lançamento dos papéis na Bolsa de Nova York só ocorrerá quando a JBS concluir que as operações da Polícia Federal não mais afetam o valor da empresa. Caso contrário, o movimento, diz ele, "não vale a pena".

    "No segundo semestre é o momento mais próximo da gente imaginar. [Melhor] do que tentar sair a mercado com algumas questões pendentes", disse nesta terça (16) em conversa com analistas sobre os resultados da JBS.

    A companhia foi alvo na semana passada da Operação Bullish, que investiga suspeitas de irregularidades na liberação de recursos pelo BNDES. Foi a segunda operação da PF a atingir a JBS no ano.

    Em março, quando foi deflagrada a Carne Fraca, que mira evidências de fraudes em fiscalizações de frigoríficos, a cúpula da empresa já considerava alterar o cronograma anunciado para o lançamento das ações.

    O plano era listar na Bolsa de Nova York a JBS Foods International, subsidiária que concentrará a operação internacional da companhia. Trata-se de uma das maiores apostas da empresa para embalar a expansão no exterior.

    O plano foi anunciado em dezembro do ano passado após o BNDES, que é sócio da JBS, vetar uma reestruturação que levaria a sede da companhia para a Irlanda.

    Apesar do adiamento, a JBS sustenta que não há impedimento legal para que a oferta nos EUA aconteça. A decisão judicial que autorizou a Bullish proíbe os controladores da JBS de realizar qualquer mudança estrutural e societária na empresa.

    "No entender do nosso jurídico, a decisão é para reestruturação de forma substancial, que mexa na estrutura da companhia e na composição do controle acionário. Mas não [impede] de fazer listagem de subsidiária, aquisição ou desinvestimento", disse Batista. "A interpretação é que não muda nossa rotina."

    RESULTADOS

    A Carne Fraca, que lançou dúvidas sobre a qualidade da carne brasileira, afetou o resultado da JBS. As receitas somaram R$ 37,6 bilhões no primeiro trimestre, queda de 14% ante igual período de 2016.

    A operação provocou embargos ao produto no exterior. Com isso, houve redução de receitas e alta nos custos da JBS. Tal efeito ainda será sentido no segundo trimestre, afirmou Batista.

    A empresa teve lucro líquido de R$ 486 milhões no primeiro trimestre, após prejuízo um ano antes. Os números vieram abaixo do esperado pelos analistas, fazendo com que as ações da JBS caíssem 9% na Bolsa de São Paulo.

    DEPOIMENTO

    Em depoimento à PF na sexta-feira (12) publicado pelo site "O Antagonista", Wesley disse que seu irmão Joesley foi o responsável pela contratação da empresa de consultoria de Antonio Palocci.

    A atuação do ex-ministro, segundo a PF, acelerou a liberação de recursos do BNDES.

    Ele também disse que a JBS não desistiu da aquisição da National Beef, mas que foi impedida pelas autoridades americanas de concretizar o negócio em 2009. A JBS recebeu dinheiro do BNDES para a operação, mas deveria ter devolvido os recursos com o fracasso da aquisição.

    Wesley disse que as tratativas com o banco foram feitas pelo irmão e que não sabe o destino do dinheiro. Afirmou, no entanto, que Palocci não teve participação no remanejamento dos recursos.

    Editoria de Arte/Folhapress
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    UMA APÓS A OUTRA
    Grupo J&F, que controla a JBS, já foi alvo de quatro operações da PF

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