O presidente Michel Temer sugeriu ao empresário Joesley Batista, da JBS, que o Comitê de Política Monetária (Copom) poderia vir a cortar os juros em 1 ponto porcentual em sua próxima reunião.

"Eu tenho a impressão que na próxima vez já desce 1 ponto e vai descendo responsavelmente", disse Temer em áudio gravado pelo empresário para sua delação premiada com a Procuradoria Geral da República.

A afirmação de Temer ocorre logo após Joesley comentar que era preciso "baixar o juro rápido". A conversa entre os dois aconteceu no início de março. No dia 12 de abril, o BC cortou os juros em 1 ponto porcentual.

Pessoas ouvidos pela reportagem que tiveram acesso à delação dizem que o empresário interpretou a frase como uma dica de que o Copom cortaria os juros em 1 ponto porcentual, mas, naquela época, a percepção no mercado já era de que o comitê aceleraria o corte dos juros para esse patamar.

Procurado, o Banco Central afirmou, em nota, que as decisões do Copom são tomadas apenas durante as suas reuniões e são divulgadas imediatamente após seu término por meio de comunicado. "Não existe possibilidade de antecipação da decisão a qualquer agente, público ou privado. Sinalizações sobre possíveis futuras decisões são emitidas nos documentos oficiais do Banco Central", disse.

Os assessores do presidente Michel Temer não retornaram as ligações da reportagem.

CRISE POLÍTICA

As delações dos donos da JBS devem deixar as reformas da Previdência e trabalhista em estado de letargia, diagnostica a equipe econômica do governo Temer.

As incertezas no mercado fizeram com que, nesta quinta-feira (18), a Bolsa brasileira recorresse ao mecanismo de "circuit breaker", travando as negociações.

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