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    Lava Jato

    Duração da crise vai determinar efeito na retomada econômica

    ÉRICA FRAGA
    FLAVIA LIMA
    DE SÃO PAULO

    19/05/2017 02h00

    A incerteza deflagrada pela delação de Joesley Batista, um dos donos da JBS, deverá ter impacto negativo sobre a economia brasileira, que ensaiava uma recuperação.

    A dúvida de economistas e investidores, nesta quinta (18), era se a crise política adiará ou abortará a retomada.

    Segundo analistas, há dois riscos principais. O primeiro é que a insegurança que ameaça a continuidade do presidente Michel Temer no cargo afete a confiança de consumidores e empresários, que vinha subindo lentamente.

    A expectativa de melhora da economia era vista como uma tendência muito positiva porque poderia levar a uma retomada do consumo e de investimentos. Com a volta da insegurança, esse processo pode ser congelado.

    Outro motor da recuperação ainda incipiente da economia era a expectativa de que a reforma da Previdência seria aprovada em breve.

    Economistas do mercado financeiro consideram que as medidas propostas para conter o crescente deficit no regime de aposentadorias é essencial para garantir a solvência do setor público.

    A crise dos últimos dois dias causou grande insegurança a respeito das chances de que a reforma seja aprovada caso Temer deixe o governo.

    "O cenário é muito incerto, não dá para fazer prognósticos para amanhã", diz Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos.

    De acordo com ela, o certo, é "que o mercado vai continuar muito mal".

    As incertezas contribuíram para a forte desvalorização do real, a disparada dos juros no mercado futuro e a queda da Bolsa nesta quinta-feira.

    O impacto dessa turbulência financeira sobre a economia real vai depender, segundo analistas, da duração da incerteza política.

    Economistas ouvidos pela Folha ressaltaram que o cenário ideal seria uma solução rápida para a crise. Uma das possibilidades citadas como menos nocivas para a economia seria a substituição de Temer por alguém que se comprometa a continuar perseguindo as reformas propostas pelo governo atual.

    No entanto, se as dúvidas sobre o futuro do presidente perdurarem por semanas, a tendência é que a variação nos preços de ativos financeiros —como a cotação do real em relação ao dólar e o valor de títulos públicos— afete a economia negativamente.

    DE OLHO NO CÂMBIO

    Para Jorge Simino, diretor de investimentos da Funcesp, fundo de pensão com R$ 27 bilhões em ativos sob gestão, a variável-chave para ser acompanhada daqui para frente é o câmbio, que tem efeito importante sobre a trajetória de inflação.

    Ele ressalta que o Banco Central pode decidir reduzir o ritmo de corte de juros dos últimos meses se avaliar que uma possível desvalorização do real pode levar a aumento de preços.

    "Os ativos mudaram de patamar. Serão semanas de emoção", afirmou.

    Índice Bovespa - Em pontos

    DÓLAR - EM R$

    O DÓLAR VINHA EM QUEDA - A expectativa de aprovação das reformas trabalhista e da Previdência vinha colaborando para a queda da moeda americana em relação ao real

    A BOLSA VINHA EM SUBIDA CONSTANTE - A perspectiva de retomada da economia levava os investidores a apostarem em resultados melhores das empresas, impulsionando o Ibovespa, que reúne as ações mais negociadas na Bolsa

    O IMPACTO NAS EMPRESAS - Variação no valor de mercado no Ibovespa<br><br><b>Valor de mercado, em R$ bilhões</b>

    Bolsas pelo mundo também tiveram dia de queda -

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