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    Eletrobras mantém privatizações, mas admite impacto da crise política

    DA REUTERS

    23/05/2017 14h23

    Moacyr Lopes Junior/Folhapress
    Wilson Ferreira Jr., presidente da Eletrobras
    Wilson Ferreira Jr., presidente da Eletrobras

    A Eletrobras continuará trabalhando em seus planos de privatizar subsidiárias e vender ativos para reduzir dívidas mesmo com o agravamento da crise política no Brasil, disse nesta terça-feira (23) o presidente da companhia, Wilson Ferreira Jr..

    Apesar disso, ele admitiu que o cenário do país pode impactar em alguma medida as metas da estatal.

    O executivo estava em Nova York (EUA) para apresentar o programa de desinvestimentos da companhia em reuniões com investidores quando surgiram as acusações do dono da empresa de alimentos JBS, Joesley Batista, contra o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves.

    Segundo Ferreira, as reuniões promovidas nos Estados Unidos estavam todas lotadas na última quarta-feira (17), demonstrando forte interesse na empresa, mas no dia seguinte, após a divulgação das denúncias, o clima era de "preocupação" e busca por informações.

    Ainda assim, ele garantiu que a empresa seguirá com o cronograma e deverá encontrar interessados em comprar os ativos que deseja colocar no mercado.

    "Não há nenhum comprometimento, seja na agenda de privatizações, seja na venda de ativos. O que sempre preocupa é se o ambiente político acaba arrastando o ambiente econômico... A gente acaba tendo mais dificuldade de fazer isso pelo menos nos preços que se poderia atingir", disse Ferreira.

    "Num processo de venda [de ativos] em energia, por óbvio esses ativos ficam mais valorosos se a economia cresce mais", explicou ele, que falou com jornalistas após evento da Universidade Mackenzie, em São Paulo.

    A Eletrobras já anunciou um plano de vendas de fatias em ativos de geração e transmissão de eletricidade para levantar até R$ 4,6 bilhões, que serão utilizados para pagamento de dívidas.

    Em apresentação recente, a estatal estimou que pode obter R$ 2,2 bilhões com as vendas de ativos em energia em 2017 e mais R$ 2,4 bilhões em 2018.

    CONTINUIDADE

    O presidente da Eletrobras também evitou comentar especulações sobre sua continuidade à frente da estatal, caso as denúncias contra Michel Temer ganhem força a ponto de inviabilizar a continuidade do atual governo.

    "Vim aqui para fazer um trabalho de resgate e recuperação da Eletrobras que está em curso... Meu mandato vai até abril de 2019. Claro que sou indicado pelo controlador, o governo brasileiro, mas não vou especular sobre a saída de um ou de outro", disse.

    O presidente da Petrobras, Pedro Parente, também disse, em carta a empregados, que pretende cumprir seu mandato até abril de 2019.

    Ferreira apontou, no entanto, que o governo Temer vinha apoiando a reestruturação da Eletrobras e mudanças nas regras do setor elétrico para favorecer a atração de investidores.

    O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, também vinha dando forte apoio político para a condução das políticas do setor e a recuperação da Eletrobras, disse o executivo.

    "O ministro é muito importante nessa agenda, torço para que ele continue, assim como o presidente Temer", afirmou.

    O PSB, partido de Coelho Filho, passou a apoiar a renúncia de Temer após as últimas acusações, e por isso tem defendido que o ministro entregue o cargo.

    Até o momento, no entanto, não há uma posição oficial por parte do ministro sobre a permanência no cargo.

    A Reuters publicou na segunda-feira que, se Coelho Filho decidir entregar o cargo, deverá haver a saída também de técnicos de alto escalão do ministério, como secretários, que foram convidados por ele para a pasta.

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