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    Petrobras exerce preferência sobre três áreas do pré-sal

    NICOLA PAMPLONA
    DO RIO

    25/05/2017 09h39 - Atualizado às 16h05

    Petrobrás/Divulgação
    Acordo da Opep melhora o cenário para novos leilões do pré-sal (Foto: Divulgação Petrobrás)
    Petrobras escolheu usar direito de preferência em Sapinhoá, Peroba e Alto do Cabo Frio Central

    A Petrobras decidiu exercer o direito de preferência sobre três das oito áreas do pré-sal que serão leiloadas pelo governo em 2017.

    Isso significa que, independentemente do consórcio vencedor das disputas, a estatal terá o direito de escolher se quer ser operadora, com uma participação mínima de 30% nos projetos.

    As áreas escolhidas são Sapinhoá, da segunda rodada de licitações do pré-sal, Peroba e Alto de Cabo Frio Central, ambas da terceira rodada. Os dois leilões estão marcados para o dia 27 de outubro.

    Se permanecer com a participação mínima de 30%, a Petrobras gastará R$ 810 milhões nos leilões, marcados para o fim de outubro.

    No primeiro leilão do pré-sal, que ofereceu a área de Libra, por exemplo, a empresa pegou uma fatia adicional de 10%, ficando com 40% do consórcio —formado também por Shell, Total e as chinesas CNOOC e CNPC.

    Em entrevista para detalhar o assunto, o presidente da estatal, Pedro Parente, disse que a decisão da empresa observou aspectos técnicos e as restrições financeiras da empresa para participar de leilões.

    Para separar os R$ 810 milhões necessários, a companhia reviu prioridades em seu programa de investimentos, adiando projetos de exploração e produção, principalmente na Bahia, explicou a diretora da área, Solange Guedes.

    "Temos uma intensa atividade exploratória e fizemos postergações em algumas atividades fora do pré-sal", disse ela.

    Parente frisou, porém, que o valor do investimento nos leilões é pequeno, se comparado aos US$ 74,1 bilhões orçados no plano de negócios da Petrobras para o período entre 2017 e 2021.

    A estratégia da empresa é atrair parceiros para a disputa.

    Pelas regras definidas em 2016, a Petrobras pode montar seu próprio consórcio para participar dos leilões, mesmo que tenha exercido o direito de preferência. Se perder, tem o direito de decidir se quer integrar o consórcio vencedor.

    Já nas outras cinco áreas em que não exerceu a preferência, pode disputar como qualquer outra empresa.

    INTEGRAÇÃO

    Guedes explicou que a escolha das áreas prioritárias obedeceu a uma lógica de integração dos ativos da companhia.

    Sapinhoá é uma área já em operação —é hoje o segundo maior campo de petróleo do país, com uma produção de 253 mil barris por dia em março.

    É operada pela Petrobras, que tem como sócios a Shell e a Repsol.

    O governo está leiloando pedaços do reservatório que se estendem para fora da concessão original.

    Peroba está a 50 quilômetros ao sul do campo de Lula, o maior produtor do país, também operado pela Petrobras, em parceria com Shell e Petrogal.

    Já Alto de Cabo Frio Central fica em uma região ainda com pouca exploração no pré-sal. Mas fica a 130 quilômetros de Libra, a maior reserva já descoberta no país, ainda em exploração.

    Parente disse que ainda não negociou parcerias para as disputas.

    CRISE

    Questionado sobre o efeito da crise política na atratividade dos leilões, o presidente da Petrobras alegou que são investimentos de "longuíssimo prazo" e que, em viagens recentes ao exterior, percebeu grande interesse estrangeiro pelas áreas que o Brasil está oferecendo.

    Mas frisou que o governo ainda precisa bater o martelo sobre a renovação do programa de incentivos fiscais ao setor de petróleo, chamado de Repetro, que vence em 2019.

    "O Repetro é fundamental para dar maior competição ao leilão e melhorar o retorno das áreas", afirmou o presidente da Petrobras.

    A renovação do programa, que isenta de impostos uma série de equipamentos para o setor, estava em fase final de discussão no governo antes da delação da JBS, que atingiu o presidente Michel Temer.

    Parente repetiu que, apesar da instabilidade política, a estatal segue "trabalhando para cumprir o planejamento estratégico", que tem como meta principal a redução do endividamento.

    "Não podemos ficar presos às circunstâncias de curto prazo para tomar decisões que vão sustentar a empresa em 20 ou 30 anos", afirmou o executivo.

    Ele manteve a meta de desinvestimentos de US$ 21 bilhões em ativos até o fim de 2018, apesar dos atrasos no cronograma de vendas.

    Após uma suspensão de cerca de seis meses, a Petrobras retomou este mês o processo, com a oferta de dois campos de gás no Amazonas.

    "(O programa) deve acontecer com velocidade crescente daqui para a frente", disse.

    CONTEÚDO LOCAL

    Sob pressão das petroleiras, o governo reduziu os compromissos de compra de bens e serviços no Brasil para os leilões de áreas novas no país. Assim, na terceira rodada de licitações do pré-sal, o conteúdo local será de 18% para a fase de exploração, 25% para a construção de poços e plataformas e 40% em equipamentos submarinos.

    Na segunda rodada, os índices serão equivalentes àqueles vigentes nos contratos de concessão de cada uma das áreas adjacentes àquelas que serão leiloadas. Em Sapinhoá, por exemplo, o contrato assinado em 2000 prevê 35% na fase de exploração e 30% na fase de desenvolvimento da produção.

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