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Joesley Batista, dono da JBS |
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Mercado
Tuesday, 30-Apr-2024 05:35:26 -03Joesley usou avião da JBS para viagem particular aos EUA
JOANA CUNHA
DE SÃO PAULO26/05/2017 02h00
O jato que levou Joesley Batista e sua família para os Estados Unidos após a delação premiada neste mês não pertence ao empresário, mas, sim, à companhia de capital aberto JBS, da qual também são sócios BNDES e Caixa.
O uso da propriedade de uma empresa de capital aberto para fins particulares do controlador desatrelados dos interesses dos outros acionistas é considerado má prática de governança corporativa e prejudica indiretamente outros sócios da companhia.
"Essa prática é condenada nos Estados Unidos, onde a empresa, inclusive, tem pretensões de emitir ações no futuro. Mas o Brasil tem uma cultura equivocada de ver o patrimônio da empresa como se fosse patrimônio pessoal do controlador", afirma a advogada Érica Gorga, professora da FGV.
DELAÇÃO EXPLOSIVA Delação dos irmãos Batista, da JBS, deflagrou crise no governo Temer Veja na íntegra vídeos da delação da JBS 24 horas sob pressão: confira o passo a passo da crise no governo Temer 'Se quiserem, me derrubem', afirma Temer ao negar de novo a renúncia A cada vez que a família Batista usa o avião para atividades privadas —como foi o caso da mudança que levou também o diretor Ricardo Saud—, quem divide a conta são BNDES e Caixa, que, juntos detém cerca de 26% de participação na empresa, além dos outros acionistas minoritários, com aproximadamente 30%.
Procurados, os bancos públicos não se manifestaram.
A Folha pediu a política de uso da aeronave à JBS e questionou se há documentos que comprovem algum tipo de ressarcimento. Mas a assessoria de imprensa da JBS disse apenas que o uso "é regido por normas internas da companhia".
"Pela instrução 480 da CVM, eles deveriam divulgar quais são os benefícios diretos e indiretos concedidos a diretores e conselheiros. Nos indiretos, estaria incluída a política de uso de aeronaves", afirma Gorga.
JATO TOP DE LINHA
O jato Gulfstream Aerospace GV-SP (550) da JBS usado por Joesley e sua família é considerado top de linha em sua categoria.
Fabricado nos Estados Unidos em 2011, tem dois motores, 20 assentos e preço estimado em US$ 65 milhões (cerca de R$ 208 milhões).
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários, que regula o mercado financeiro) não informou se o uso particular da aeronave da empresa foi considerado irregularidade.
A JBS é alvo de cinco investigações da CVM, sob suspeita de se beneficiar com a compra de dólares e a venda de ações antes da divulgação do acordo de delação, que provocou a imediata valorização da moeda americana.
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