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    Saída de Maria Silvia do BNDES não afeta mercado e Bolsa avança 1,4%

    DANIELLE BRANT
    DE SÃO PAULO

    26/05/2017 17h44 - Atualizado às 18h26

    A saída de Maria Silvia Bastos Marques da presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) causou turbulência momentânea no mercado financeiro brasileiro, mas Bolsa e dólar acabaram retornando aos patamares em que operavam antes da notícia.

    A decisão da presidente do BNDES de deixar o cargo por motivos pessoais reduziu a alta do Ibovespa. Antes do anúncio, por volta de 16h, o índice que reúne as ações mais negociadas do mercado brasileiro subia 1,41%.

    Nos instantes seguintes, a valorização diminuiu para 0,97% e era de 0,83% faltando 15 minutos para o pregão terminar. Entre 17h07 e 17h10, porém, a Bolsa voltou a ganhar força e a alta passou de 1% para 1,36%. O Ibovespa fechou aos 64.805 pontos. O volume financeiro foi de R$ 8,73 bilhões, em linha com a média diária do ano, que é de R$ 8,4 bilhões.

    O dólar também diminuiu a queda que vinha sustentando desde o início do pregão, mas encerrou cotado a R$ 3,26. O dólar comercial fechou em baixa de 0,54%, para R$ 3,266. O dólar à vista recuou 0,83%, para R$ 3,267.

    A leitura inicial dos investidores era que a saída de Maria Silvia poderia representar o começo de uma debandada da equipe econômica responsável por tocar a agenda de reformas. Mas essa corrente acabou perdendo força e colaborando para a melhora do humor no mercado.

    A presidente do BNDES era criticada por setores empresariais por reduzir os financiamentos do banco. Ela também sofria forte pressão após Operação Bullish, da Polícia Federal, que investiga aportes feitos pelo pelo braço de participações do banco, o BNDESPar, na JBS.

    "A saída da Maria Silvia estremeceu o mercado, com a possibilidade de outros integrantes da equipe econômica deixarem o governo, mas depois o mercado se acalmou", afirma Julio Hegedus, economista da consultoria Lopes Filho. "Há uma preocupação de separar a crise política dos rumos econômicos. A economia não pode ser contaminada pela instabilidade política."

    A avaliação é parecida com a de Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimentos. "Seguimos naquela toada de dar andamento às reformas, tentando desvincular a política econômica da crise no governo, que ocupou o mercado nos últimos dias", diz.

    Depois do fechamento do mercado, a agência de classificação de risco Moody's piorou a perspectiva para a nota de crédito do Brasil, dois meses depois de ver um cenário mais favorável à economia brasileira.

    Segundo a Moody's, a razão para a mudança foi o aumento da incerteza em relação à aprovação das reformas após a crise política deflagrada na semana passada.

    AÇÕES

    No pregão desta sexta, as ações da JBS mantiveram a volatilidade apresentada na semana inteira e fecharam em queda de 6,09%. Na quinta-feira, os papéis subiram 22,54%. Na semana, as ações encerraram com queda de 11,5%.

    Os papéis da Petrobras fecharam o dia com sinais opostos, apesar da alta do preço do petróleo no exterior. As ações mais negociadas caíram 0,44%, para R$ 13,68. Os papéis com direito a voto subiram 0,62%, para R$ 14,55.

    As ações da mineradora Vale fecharam em alta, embora os preços do minério de ferro tenham recuado nos mercados internacionais. Os papéis mais negociados da Vale subiram 0,57%, para R$ 26,33. As ações com direito a voto avançaram 0,58%, para R$ 27,86.

    No setor financeiro, os papéis de bancos encerraram o dia em alta. Os papéis do Itaú Unibanco subiram 2,71%. As ações preferenciais do Bradesco tiveram alta de 2,31%, enquanto as ordinárias avançaram 2,49%. Os papéis do Banco do Brasil se valorizaram 4,15%, e as units —conjunto de ações— do Santander Brasil ganharam 2,83%.

    RISCO EM BAIXA

    A notícia da saída de Maria Silvia do BNDES também não aumentou a percepção de risco que os investidores têm do Brasil.

    O CDS (credit default swap), espécie de seguro contra calote, fechou em baixa de 0,88%, para 238,7 pontos.

    No mercado de juros futuros, outro termômetro da avaliação de risco dos investidores, os contratos fecharam em baixa. Os contratos com vencimento em junho, mais negociados, recuaram de 10,400% para 10,367%.

    Os contratos com vencimento em janeiro de 2018 tiveram queda de 9,540% para 9,335%.

    No mercado cambial, o Banco Central vendeu mais um lote de 8.000 contratos de swaps cambiais tradicionais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). Até agora, o BC rolou US$ 3,6 bilhões dos US$ 4,435 bilhões de contratos que vencem em junho.

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