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    Moody's volta atrás e piora perspectiva de nota do Brasil para negativa

    FLAVIA LIMA
    DE SÃO PAULO
    MAELI PRADO
    DE BRASÍLIA

    26/05/2017 18h13 - Atualizado às 18h39

    A agência de classificação de risco Moody's Investors Service voltou a alterar a perspectiva do rating do Brasil de estável para negativa. A razão para a mudança foi o aumento da incerteza em relação à aprovação das reformas após a crise política deflagrada na semana passada, o que ameaçaria a recuperação econômica e a solidez da economia do Brasil no médio prazo.

    Em 15 de março, a agência havia alterado a nota de negativa para estável, apoiando a decisão na perspectiva de que a melhora observada nas condições macroeconômicas persistiriam.

    A nota do Brasil permanece dois níveis abaixo do grau de investimento, o chamado "selo de bom pagador". Segundo a Moody's, uma intensificação da crise política que leve a um período prolongado de incerteza pode exercer pressão negativa adicional sobre os ratings.

    A reversão das reformas fiscais já aprovadas, principalmente o cumprimento do teto de gastos, seria particularmente negativa para o rating.

    A Moody's diz que, independentemente de seu desfecho, a crise política que emergiu no Brasil na última semana provavelmente debilitará a agenda de reformas do governo e comprometerá a aprovação de reformas futuras, incluindo a da Previdência.

    Isto provavelmente impactará negativamente a confiança do investidor e levará ao aumento da volatilidade nos mercados, ameaçando o momento macroeconômico positivo observado desde o início da agenda de reformas promovida pelo presidente Michel Temer.

    A agência espera crescimento modesto da economia de 0,5% em 2017, e a inflação recuando para 4%, o que permite que o Banco Central continue com o processo de afrouxamento dos juros.

    Para a Moodys, a capacidade do Banco Central de promover novos cortes da taxa Selic pode ser comprometida caso um choque de confiança provocado por uma depreciação cambial alimente uma inflação mais alta, enfraquecendo o potencial impacto positivo no crescimento em 2018 e minando a economia fiscal com pagamento de juros menores sobre a dívida do governo.

    Como consequência destes eventos, os riscos negativos para as perspectivas de crescimento em 2017 e 2018 aumentaram.

    REPERCUSSÃO

    Em nota comentando a decisão, o Ministério da Fazenda afirmou que a agência reconhece pontos fortes do Brasil, como "o tamanho e a diversidade da economia brasileira, bem como a sua baixa vulnerabilidade externa".

    "Reconhece, ainda, a importância dos avanços recentes, como a implementação de um teto para os gastos primários e a promoção das discussões relacionadas à reforma da Previdência. Esta reforma é considerada fundamental para a sustentabilidade fiscal de médio prazo", afirma a pasta no comentário.

    O ministério destacou ainda que a perspectiva da nota do Brasil pode melhorar. "A perspectiva da nota de crédito poderá melhorar com a solução da crise política e a aprovação da agenda de reformas fiscais, sobretudo a da Previdência, ainda neste ano."

    Disse ainda que a pasta reafirma o compromisso com as reformas e que vem obtendo bons resultados nas negociações com o Congresso.

    "O Ministério da Fazenda reafirma o seu compromisso com a continuidade da implementação da agenda de reformas estruturais necessárias à recuperação econômica. Nesse sentido, destaca os resultados positivos obtidos por meio da manutenção de intenso diálogo e coordenação com o Congresso Nacional, sinalizando o empenho para alcance da estabilidade da política econômica."

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