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    Novo balanço de empresa suspeita de fraude aponta prejuízo 7 vezes maior

    RAQUEL LANDIM
    DE SÃO PAULO

    29/05/2017 11h35

    Carlos Severo/ Fotos Públicas
    Dólar fecha em alta e volta ao patamar de R$ 3,08, um dia após recuar ao menor nível em quase dois anos
    Fundo americano KKR adquiriu Aceco TI por US$ 1,2 bi, mas tenta se desfazer do negócio desde 2015

    Se realmente ficar comprovado que pagou propina a funcionários públicos, a prática de corrupção pode ter custado caro a Aceco TI, empresa de armazenamento de dados adquirida pelo fundo americano KKR.

    Nesta quarta-feira (24), a empresa publicou novamente seu balanço de 2015, corrigindo supostas fraudes contábeis e lançando como despesa notas fiscais cuja prestação de serviços não puderam ser comprovadas. Os números de 2016 ainda não foram divulgados.

    Auditado pela Deloitte, o balanço aponta um prejuízo sete vezes maior do que o inicial contabilizado, chegando a R$ 182,7 milhões. O patrimônio líquido da empresa ficou negativo em R$ 122,6 milhões –uma diferença de R$ 228 milhões para o número inicial.

    A divulgação do balanço é mais uma etapa da briga judicial entre o KKR e os antigos controladores da Aceco, o empresário Jorge Nitzan e sua família e o fundo General Atlantic, revelada pela Folha em novembro do ano passado.

    Regis Filho - 27.mar.2013/Valor/Folhapress
    Data: 27/03/2013 Editoria: Tecnologia Reporter: Gustavo Brigatto Local: Sao Paulo, SP Pauta Os planos da Aceco TI, empresa especializada na construcao de centros de dados Setor: TI Personagem: Martin Escobari, diretor da General Atlantic e Jorge Nitzan, presidente da Aceco TI Foto: Regis Filho/Valor ***FOTO DE USO EXCLUSIVO FOLHAPRESS***
    Jorge Nitzan, o herdeiro que vendeu o controle da Aceco

    O KKR adquiriu o controle da Aceco TI em 2014 por R$ 1,2 bilhão, mas tenta se desfazer do negócio desde 2015, alegando ter descoberto que a empresa pagava propina a funcionários públicos para obter contratos e praticava fraude contábil para inflar seus lucros.

    Desde então, os dois lados vivem em pé de guerra, com processos correndo na arbitragem empresarial e na Justiça comum. O KKR também tenta negociar um acordo de leniência para a Aceco com o ministério da Transparência.

    Até mesmo a divulgação do balanço corrigido foi alvo de disputa judicial. O KKR conseguiu na Justiça o direito de publicar os números, mas a família Nitzan obteve uma medida cautelar.

    Os dados, no entanto, se tornaram públicos mesmo assim, porque, segundo a defesa do KKR, os jornais já haviam sido impressos. Os números foram publicados pelo DCI.

    VENDA

    Segundo apurou a reportagem da Folha, o objetivo do KKR ao publicar o balanço corrigido é demonstrar no processo de arbitragem que a empresa não vale o que foi pago. O fundo americano também quer atrapalhar a venda da Aceco.

    A família Nitzan conseguiu na Justiça o direito de vender novamente a companhia por meio de um leilão, depois que a Aceco, já sob a administração do KKR, não pagou uma dívida de R$ 600 milhões com o Bradesco. Os Nitzan compraram a dívida do banco.

    Segundo apurou a reportagem, o prazo para a apresentação das propostas terminou no dia 22, mas os envelopes ainda não teriam sido abertos.

    Por meio de nota, Jorge Nitzan disse que "estranhou a divulgação do balanço da Aceco TI, visto que a Justiça determinou que os números não fossem tornados públicos em razão do processo judicial". O empresário não quis fazer comentários sobre a venda da empresa. O KKR também não deu entrevista.

    RAIO-X
    Aceco TI (2015)

    Receita: R$ 413,11 milhões
    Funcionários: 650 funcionários

    NEGÓCIOS SOB SUSPEITA - Principais contratos da Aceco em que a KPMG apontou indícios de pagamento de propina

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