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    Empresário precisa de normalidade, não de subsídio, diz chefe do BNDES

    NICOLA PAMPLONA
    DO RIO

    29/05/2017 19h19 - Atualizado às 19h56

    Divulgação
    Paulo Rabello de Castro, então presidente do IBGE, em seu escritório, no Rio
    Paulo Rabello de Castro, então presidente do IBGE, em seu escritório, no Rio

    Em sua primeira entrevista após ser nomeado presidente do BNDES, o economista Paulo Rabello de Castro se posicionou contra políticas de subsídios e a favor de maior participação do crédito privado na economia, em um sinal de continuidade das políticas adotadas pela sua sucessora, Maria Silvia Bastos Marques.

    "Os empresários não precisam de juros subsidiados, eles precisam de normalidade", afirmou, em entrevista após evento de comemoração dos 81 anos do IBGE, instituição que preside desde julho de 2016.

    Castro foi nomeado pelo presidente Michel Temer na última sexta (26), logo após o pedido de demissão de Marques, que alegou razões pessoais para deixar o banco.

    Ela vinha sofrendo críticas de empresários descontentes com novas políticas mais restritivas na concessão de financiamentos e, internamente, era pressionada pelos funcionários do banco a fazer uma defesa da instituição em meio a denúncias de favorecimento à JBS.

    Afirmando ser amigo de Marques, Castro disse que imagina não ter que promover grandes mudanças no banco e adiantou que convidará a diretoria indicada pela executiva a permanecer no cargo. Ele evitou falar sobre temas específicos, alegando ainda não ter assumido o cargo.

    Mas, quando questionado sobre as críticas de empresários, disse que "precisamos transcender essa visão de que os empresários ditam o que o BNDES faz ou deixa de fazer".

    "O BNDES é um banco que opera com dinheiro do trabalhador. Não me consta que alguma associação empresarial tenha posto dinheiro lá", comentou.

    Ele criticou políticas de subsídios setoriais, alegando que o banco não pode atuar como um "gerente geral de compensações", isto é, criando políticas para compensar obstáculos em determinados setores.

    Na sua opinião, com taxas de mercado e incentivo ao capital privado no financiamento, o banco contribui para a política fiscal e para a redução das taxas de juros de longo prazo da economia.

    "Um dos principais desafios do Brasil é reverter essa esdrúxula estrutura a termo da taxa de juros, que hoje é estritamente atrelada a títulos públicos", afirmou, acrescentando que o país precisa enfrentar seus gargalos para garantir a retomada do investimento.

    Ressaltando que se tratava apenas de "palpite", disse que uma contribuição do BNDES neste sentido pode ser um esforço para reduzir o tempo de análise dos pedidos de empréstimos.

    Questionado sobre a questão envolvendo a JBS, empresa na qual o banco de fomento é a maior acionista minoritária, defendeu que é preciso separar "o empresário da empresa", citando a importância de trabalhar para manter a saúde financeira da companhia.

    "Onde quer que o BNDES seja minoritário, é o povo brasileiro que é minoritário. É interesse do povo brasileiro e farei tudo para atender ao interesse do povo brasileiro", afirmou.

    SACRIFÍCIO

    Castro se despediu das equipes do IBGE durante evento em comemoração dos 81 anos da instituição. Em seu discurso, agradeceu o apoio e disse que está "partindo para o sacrifício", ao aceitar o convite de Temer para assumir o banco.

    Na entrevista, afirmou "lamentar" ter sido convocado por Temer para trocar de cargo "inopinadamente" —isto é, inesperadamente.

    Ele esteve com o presidente na manhã desta segunda (29) e disse que, além de desejar-lhe boa sorte, Temer demonstrou preocupação com financiamentos para pequenas e médias empresas.

    "Queremos mais fazedores anônimos do que marqueteiros ostensivos", disse. Sua posse no banco deve ocorrer na próxima quinta (1).

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