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    Lava Jato

    AGU quer processar JBS por possível lucro obtido com delação premiada

    FLAVIA LIMA
    RENATA AGOSTINI
    DE SÃO PAULO

    30/05/2017 19h31

    Danilo Verpa - 13.fev.2017/Folhapress
    CVM quer saber quando gestão da JBS soube de colaboração premiada
    CVM quer saber quando gestão da JBS soube de colaboração premiada

    A AGU (Advocacia-Geral da União) decidiu processar os movimentos sociais e as centrais sindicais responsáveis pelo protesto na semana passada em Brasília.

    O órgão também está se planejando para processar a JBS caso fique comprovado que a empresa lucrou com a divulgação de sua delação.

    A manifestação teve como alvo Michel Temer e as reformas promovidas pelo governo. A delação da JBS incluiu acusações contra o presidente e membros de seu governo.

    A ministra Grace Mendonça, que chefia a pasta, afirmou nesta terça (30) que todos os movimentos que organizaram a manifestação contra o governo Michel Temer na Esplanada dos Ministérios responderão nos processos. O objetivo, diz ela, é ressarcir o erário pelos prejuízos causados com a depredação de prédios públicos.

    A primeira ação envolve os danos ao prédio do Ministério da Agricultura. Nele, a AGU pede R$ 1,5 milhão. Segundo ela, há outras ações envolvendo os prejuízos causados em outros seis ministérios.

    No caso da JBS, Grace disse que a AGU aguarda a conclusão da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) sobre operações supostamente feitas pela companhias às vésperas da divulgação de seu acordo de delação.

    Há suspeita de que a empresa tenha comprado dólares e vendido ações, antecipando-se à desvalorização do real e à queda dos papéis na Bovespa.

    Segundo Grace, a pasta está preparada para entrar na Justiça por danos ao sistema financeiro. As informações foram dadas após a ministra participar de debate no evento Fórum Brasil Investimentos, em São Paulo.

    PERPLEXIDADE

    Afirmando que representa apenas a União e não o presidente, Grace disse que ficou "perplexa", como "toda a sociedade", diante "da situação relacionada ao diálogo do presidente da República", referindo-se à conversa com Temer gravada por Joesley Batista.

    Disse que, por isso, é fundamental que a perícia no áudio seja concluída.

    Questionada sobre exatamente o que causou perplexidade no caso, ela disse que se referia aos termos do acordo que concedeu ao dono da JBS "praticamente imunidade de uma perspectiva criminal".

    "Se alguma nulidade for constatada na delação, a Suprema Corte dará o tratamento adequado", disse Grace.

    Apesar de ter criticado o acordo firmado pela PGR (Procuradoria-Geral da República), ela não quis comentar o conteúdo da conversa divulgada. Sobre isso, ela disse que o presidente "tem demonstrado seriedade e respeito às regra constitucionais" e "fará esclarecimentos com total tranquilidade".

    DEMOCRACIA "DURA"

    A democracia é, às vezes, mais dura do que uma ditadura, disse o presidente do Tribunal de Contas da União, Raimundo Carreiro, no evento.

    Carreiro fazia referência ao fato de o tribunal ter tomado medidas rigorosas, segundo ele, contra os desmandos ocorridos na Petrobras e, em decorrência disso, ter de lidar hoje com 23 mandados de segurança contra as suas ações.

    No mesmo painel, o ex-secretário de política econômica, Marcos Lisboa, disse que o que oferece insegurança ao Brasil não é o Estado de Direito.

    Para ele, vários escândalos mostram que "há muito de errado em nossos controles".

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