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    BNDES deixou de emprestar R$ 25 bilhões em 2016 em infraestrutura

    FLAVIA LIMA
    RENATA AGOSTINI
    DE SÃO PAULO

    31/05/2017 13h15

    Rafael Andrade/Folhapress
    BNDES deixou de emprestar R$ 25 bilhões em 2016 em infraestrutura
    BNDES deixou de emprestar R$ 25 bilhões em 2016 em infraestrutura

    O envolvimento de empresas na operação Lava Jato e o impacto da crise econômica sobre o negócio de grandes companhias impediram o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) de emprestar R$ 25 bilhões em projetos de infraestrutura no ano passado, afirmou nesta quarta -feira (31) Marilene Ramos, diretora do banco.

    Segundo ela, o banco dispunha de R$ 55 bilhões para emprestar em infraestrutura. Os recursos, diz, correspondiam a contratações em análise ou mesmo em vigor.

    Parte desses recursos —ou R$ 25 bilhões— acabou retida pelo banco em razão da deterioração creditícia de empresas. O BNDES, então, acabou emprestando apenas R$ 30 bilhões, em resposta aos problemas na demanda de recursos.

    Para Marilene, há uma angústia natural em relação ao processo de liberação desses recursos, mas é preciso entender que as negociações são longas e, no caso de algumas empresas, envolvem acordos de leniência.

    A leniência, afirma ela, regulariza a empresa do ponto de vista cadastral. "Com o cadastro regularizado, a avaliação do banco sobre a empresa é igual a feita sobre qualquer outra".

    Ela diz que há perspectivas de bons projetos que podem mitigar o deficit em infraestrutura no Brasil, mas ressaltou: "não sonhem chegar ao BNDES com projeto no papel de pão e ter financiamento em seis meses".

    PMEs

    Além das áreas de infraestrutura e inovação, o BNDES também olha com especial atenção ao segmento de pequenas e médias empresas —que, muitas vezes, encontram dificuldades de acessar recursos do BNDES por meio de repasses feitos aos bancos comerciais.

    Para o BNDES, o segmento de pequenas e médias empresas incluem companhias com faturamento anual de até R$ 300 milhões.

    Com um novo sistema, chamado de BNDES Digital, a ideia é que o empreendedor tenha conhecimento da linha de empréstimo disponível e dos agentes que a operam em sua região, facilitando o acesso aos recursos mais baratos. O novo sistema começa em janeiro.

    Entre as prioridades do banco, estão também as áreas de saneamento e energias renováveis.

    Os executivos falaram no Fórum de Investimentos Brasil 2017, em São Paulo.

    BNDES VERSUS BANCOS

    Banqueiros presentes ao evento refutaram a ideia de que os bancos privados não querem financiar grandes projetos. "Eu discordo. Se voltarmos 15 anos, a participação dos bancos públicos no sistema era de 30% e hoje é 50%. O BNDES ficou maior do que o Banco Mundial", disse Hélio Magalhães, presidente do Citibank.

    Para ele, o recuo dos privados responde mais a uma estratégia de governo anteriores de ocupar um espaço que não era seu, com prejuízo grande ao mercado financeiro. "O governo se excedeu como fornecedor de financiamento e hoje tem percentual em grupos que não deveria".

    Segundo Magalhães, o BNDES acabou sendo sócio desses grupos com a intenção de puxar o desenvolvimento, mas a melhor forma de chegar a isso inclui regras claras e competição aberta para que os bancos possam dimensionar seus riscos.

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