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    Novo fundo aposta US$ 200 milhões em start-ups brasileiras

    VINOD SREEHARSHA
    DO "NEW YORK TIMES"

    31/05/2017 15h04

    Divulgação /Divulgação
    Nubank recebeu aporte de US$ 80 milhões do fundo DST Global em sua quinta rodada de investimentos
    A fintech Nubank é uma das start-ups brasileiras que já receberam investimento da Kaszek Ventures

    A Kaszek Ventures, uma companhia de capital de risco latino-americana, criou um fundo de US$ 200 milhões, o maior dos que ela administra, em um voto de confiança nas start-ups brasileiras, apesar do grande tumulto na política do Brasil.

    O novo fundo, que deve ser anunciado pela companhia esta semana, dispõe de 48% mais capital que o segundo e mais recente fundo criado por ela, que tem US$ 135 milhões em capital sob administração e cujas cotas foram comercializadas no final de 2013.

    A Kaszek é sediada em Buenos Aires, mas cerca de dois terços dos seus investimentos em start-ups foram realizados no Brasil, em seus primeiros dois fundos, e essa tendência deve ser mantida.

    "Acreditamos que Brasil será o maior destinatário de nosso capital e o país no qual mais investiremos", disse Nicolás Szekasy, um dos dois sócios-fundadores da empresa, em entrevista recente.

    Os investidores norte-americanos no novo fundo incluem o Sequoia Heritage, um fundo que investe em fundos, associado à Sequoia Capital, uma das principais companhias de investimento do Vale do Silício, e a Dietrich Foundation, sediada em Pittsburgh.

    Kevin Efrusy, sócio da Accel e responsável pelo investimento da empresa no Facebook quando este estava apenas começando, também investiu. Ele disse ter investido como pessoa física, sem participação da Accel, nos três fundos da Kaszek, ainda que a empresa que ele comanda continue ativa no Brasil.

    O presidente do Brasil, Michel Temer, enfrenta novas acusações de corrupção e sua sobrevivência no cargo está em dúvida.

    A incerteza também representa ameaça para a recuperação econômica do Brasil, que até recentemente começava a se enraizar modestamente mas depende da implementação de grandes mudanças na economia.

    OTIMISMO

    A Kaszek continua otimista quanto aos empreendedores brasileiros, no entanto, e o mesmo pode ser dito sobre outras empresas.

    A companhia espera que o uso da internet cresça em campos como os serviços bancários e a agricultura, com a penetração mais ampla dos aparelhos de comunicação móvel. Algumas das empresas em que ela investe apresentam crescimento de receita da ordem de 50% a 100%, em meio a uma das piores recessões na história do Brasil, dizem os sócios.

    Os dois primeiros fundos da Kaszek se concentravam em mercados, tecnologia financeira e software como serviço. Agora, a companhia vai acrescentar tecnologia agrícola, educação e saúde às suas áreas de interesse.

    O outro sócio-fundador da Kaszek, Hernán Kazah, disse que a crise no Brasil resultou em "empreendedores mais dedicados", ou seja, pessoas que estão criando empresas porque realmente querem fazê-lo.

    Os cotistas dos fundos da Kaszek adotam visão de longo prazo semelhante.

    O Sequoia Heritage, que conta com capital dos sócios da Sequoia Capital e de investidores externos, muitos dos quais empreendedores apoiados pela Sequoia, elevou seu investimento no novo fundo, em comparação ao seu investimento no segundo fundo da Kaszek, de acordo com Keith Johnson, vice-presidente de investimento do Sequoia Heritage.

    Zanone Fraissat/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 13-11-2015 - Departamento comercial da empresa Netshoes na rua Vergueiro em Sao Paulo. (Foto: Zanone Fraissat/Folhapress, MERCADO) ***EXCLUSIVO FOLHA****
    Escritório da Netshoes, start-up que recebeu investimento da Kaszek Ventutures, em São Paulo

    "Ainda acho que mais pessoas comprarão produtos e serviços online no Brasil dentro de dez anos, ante o número atual, não importa o que aconteça", ele disse.

    A Hall Capital Partners, uma administradora de ativos que investiu no Fundo II da Kaszek, também elevou sua contribuição para o novo fundo, em termos absolutos, de acordo com Laura Andron, uma das sócias da empresa, sediada em São Francisco (EUA).

    Para esses parceiros de responsabilidade limitada, o momento é propício para investir.

    Edward Grefenstette, presidente-executivo da Dietrich Foundation, disse que embora o ambiente macroeconômico e o ambiente político brasileiros sejam voláteis, "se você ficar esperando o sinal verde, vai perder um ponto de entrada atraente".

    A Kaszek é a primeira companhia de capital de risco latino-americana que recebe investimentos da fundação, um fundo de caridade criado por William Dietrich 3º que tem cerca de US$ 800 milhões em ativos sob administração, dos quais 47% investidos em fundos de capital para empreendimentos. A fundação já havia investido no segundo fundo da Kaszek.

    Mesmo que o Brasil continue a ser o foco, dizem os sócios da Kaszek, eles planejam buscar novas oportunidades também na Colômbia e no México. A Argentina, igualmente, continuará a ser importante, eles disseram.
    Szekasy disse que "também houve bom progresso nos ecossistemas de tecnologia do México e Colômbia, e estamos bastante otimistas quanto à economia argentina".

    Com o novo fundo, a Kaszek passa a ocupar o 43º posto no ranking mundial das companhias de capital para empreendimentos fundadas em 2011 ou mais tarde, em termos de capital bruto arrecadado, de acordo com dados da companhia de pesquisa Preqin. Ela é a única companhia latino-americana nos 50 primeiros postos do ranking.

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