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    PIB cresce 1% no 1º trimestre, puxado por agronegócio; indústria melhora

    NICOLA PAMPLONA
    DO RIO
    MARIANA CARNEIRO
    ENVIADA ESPECIAL AO RIO
    ÉRICA FRAGA
    DE SÃO PAULO

    01/06/2017 09h01 - Atualizado às 09h22

    A economia brasileira registrou, no primeiro trimestre deste ano, o primeiro resultado positivo após dois anos seguidos no vermelho.

    O IBGE divulgou nesta quinta (1º) que o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 1% no primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre de 2016, já retirados os efeitos sazonais. É o primeiro número positivo desde o quarto trimestre de 2014, ou seja, após oito quedas seguidas.

    Em relação ao primeiro trimestre de 2016, o PIB recuou 0,4%. No acumulado de quatro trimestres, a queda é de 2,3%.

    O principal fator para o resultado positivo no primeiro trimestre foi o desempenho do setor agropecuário, que cresceu 13,4% no período, embalado por safras recordes de grãos.

    Os serviços, que respondem por mais de 70% do PIB, ficaram estáveis.

    A indústria também teve resultado positivo, com alta de 0,9%.

    PIB - Trimestre X trimestre imediatamente anterior, em %

    CONSUMO E INVESTIMENTO

    Com o desemprego em nível recorde, o consumo das famílias seguiu em leve baixa (-0,1%). Também houve queda, de 0,6%, no consumo do governo.

    O investimento recuou 1,6%, ainda na esteira da recessão.

    O resultado do PIB veio em linha com o que projetavam analistas. A projeção central era de uma alta de 1% no trimestre.

    REVISÃO

    Na divulgação do PIB, o IBGE anunciou também a revisão dos resultados referentes a três trimestres de 2016. O resultado do acumulado do ano, porém, foi mantido em -3,6%.

    No quarto trimestre, a queda do PIB foi atenuada, passando de 0,9% para 0,5%. No terceiro trimestre, a queda foi revista de 0,7% para 0,6%.

    O terceiro trimestre manteve retração de 0,3%. E no primeiro trimestre, foi acentuada: ao invés de cair 0,6%, o PIB caiu 1%, informou o IBGE.

    PIB por setores

    FIM DA RECESSÃO?

    Apesar de o número do trimestre apontar uma melhora da economia, especialistas afirmam que não é garantia de que o país saiu da recessão.

    Embora o conceito de dois trimestres consecutivos de queda seja a definição mais popular de recessão, na prática nem sempre isso ocorre.

    O Codace (Comitê de Datação dos Ciclos Econômicos) –que estabelece, oficialmente, o início e o fim das recessões no Brasil– marcou o segundo trimestre de 2014 como o marco inicial do atual ciclo, embora ele tenha sido seguido por dois outros trimestres de estabilidade do PIB.

    Em termos técnicos, para que uma economia esteja em expansão é preciso que o crescimento esteja espalhado por vários setores e em rota sustentável.

    Além disso, os dados que começam a sair do segundo trimestre e a mais recente turbulência política elevam o risco de que o PIB volte a cair nos próximos meses.

    Para especialistas, as duas características que indicam fim da recessão —crescimento em vários setores e em rota sustentável— não estão claramente configuradas no Brasil atualmente.

    Apesar dos bons resultados do agronegócio, a indústria tem apresentado altos e baixos e o setor de serviços continua sofrendo com a falta de demanda em um contexto de desemprego recorde.

    Além disso, segundo economistas, o PIB pode voltar a recuar no segundo trimestre, principalmente após a deterioração do cenário político, com risco de paralisia de reformas, como a da Previdência.

    "Ainda não via motivo suficiente para dizer que a recessão tinha acabado. A crise política adicionou um viés extra de baixa nessa análise", diz o economista Paulo Picchetti, da FGV.

    Picchetti é um dos sete membros do Codade. Ele ressalta que foi difícil determinar o início do atual ciclo recessivo e tudo indica que isso se repetirá no processo para registrar seu fim.

    Os comitês de datação de ciclos —no Brasil e em outros países— normalmente esperam algum tempo para anunciar suas decisões e só se manifestam quando têm elementos suficientes nos quais se basear.

    PIB

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