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    Indústria repete PIB e registra crescimento graças à exportação

    NICOLA PAMPLONA
    DO RIO

    03/06/2017 02h00

    Os desempenho da produção industrial em abril indica que a economia brasileira iniciou o segundo trimestre em um cenário parecido com o que fechou o primeiro, com exportações e agronegócio compensando a retração no consumo interno.

    Em abril, a indústria cresceu 0,6%, o primeiro resultado positivo do ano e maior taxa para o mês desde 2013. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, porém, houve queda de 4,5%.

    Produção industrial - Variação em %

    Os dados indicam que o consumo interno ainda não começou a reagir à crise. O resultado foi divulgado um dia após o anúncio, pelo IBGE, de que a economia brasileira cresceu 1% no primeiro trimestre, impulsionada principalmente pelas exportações.

    "Foi uma alta ainda modesta, que não devolve as perdas acumuladas durante o ano", diz a coordenadora da FGV/Ibre, Tabi Thuler Santos. De janeiro a abril deste ano, a produção industrial ainda acumula queda de 0,7%.

    MÁQUINAS AGRÍCOLAS

    A alta em abril foi puxada pela produção de bens de capital (1,5%), que inclui a fabricação de máquinas e equipamentos para investimentos, e de bens intermediários (2,1%), que são manufaturados para a produção de outros bens.

    No primeiro caso, destaca Santos, ainda há grande peso de máquinas agrícolas, setor que impulsionou a economia no primeiro trimestre. Com a supersafra de grãos, a agropecuária teve crescimento de 13,4% nos primeiros três meses do ano.

    Já a categoria de bens de consumo registrou queda de 0,4% em abril. É nesse item que se enquadra a produção de bens comprados em lojas ou supermercados.

    O resultado só não foi pior porque a produção de automóveis para exportação cresceu, repetindo um cenário já mostrado pelo PIB.

    Entre os 24 ramos pesquisados pelo IBGE na produção industrial, 13 registraram alta em abril, com destaque para produtos farmoquímicos e farmacêuticos (19,8%) e veículos automotores (3,4%). No primeiro caso, porém, houve recuperação de uma grande queda em março.

    "Ainda não dá para dizer que começamos uma trajetória positiva de recuperação industrial. Até porque as demais comparações são negativas", afirmou o responsável pela pesquisa do IBGE, André Macedo, ressaltando que o setor está em patamar equivalente a janeiro de 2009.

    Com relação ao mesmo período de 2016, 18 dos ramos observados pelo instituto registraram queda.

    Nesta comparação, percebe-se grande recuo na produção de bens que dependem do poder de compra do consumidor, como máquinas, equipamentos e outros materiais elétricos (que inclui eletrodomésticos e caiu 18,5% em um ano), bebidas (refrigerantes e cervejas, com queda de 9,1%) e materiais não metálicos (que inclui massa de concreto e argamassas, queda de 6,6%).

    "Fazer uma obra é um investimento do consumidor e, quando ele está sem dinheiro, a primeira coisa que corta é o investimento", analisa a pesquisadora da FGV/Ibre.

    CARNE FRACA

    A pesquisa mostrou ainda efeitos da Operação Carne Fraca, que derrubou a produção de produtos alimentícios em comparação com o mesmo período do ano anterior.

    A queda de 16,4% no segmento é resultado da paralisação de frigoríficos após a suspensão de compra de carne brasileira por outros países devido a suspeitas de pagamento de propina a fiscais para a liberação de produtos fora dos padrões de qualidade.

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