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    PIB estaria errado sem revisões de pesquisas, diz novo presidente do IBGE

    FLAVIA LIMA
    DE SÃO PAULO

    06/06/2017 15h50

    Leo Pinheiro/Valor/Folhapress
    Data: 04/09/2014 Editoria: Brasil Reporter: Diogo Martins Local: Rio de Janeiro, RJ Pauta: Primeira entrevista com o novo diretor do IBGE Setor: Pesquisa Personagem: Roberto Olinto, diretor de pesquisas do IBGE, fotografado durante a entrevista e no escritorio do IBGE no centro do Rio Tags: janela, oculos, barba, gesticulando, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica Fotos: Leo Pinheiro/Valor ***FOTO DE USO EXCLUSIVO FOLHAPRESS***
    O novo presidente do IBGE, Roberto Olinto

    O novo presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Roberto Olinto, voltou a defender as polêmicas revisões feitas em duas pesquisas, disse que o PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre estaria incorreto sem elas e evitou comparações com o antecessor, Paulo Rabello de Castro, atual presidente do BNDES.

    Olinto, no entanto, foi taxativo em relação à venda de serviços e pesquisas pelo órgão, uma das ideias defendidas pelo antecessor. "O IBGE nunca teve projeto de venda de pesquisa", afirmou.

    Questionado se o instituto volta a ser um órgão técnico com ele na presidência, Olinto respondeu que o IBGE sempre foi um órgão técnico.

    "O instituto não é seu presidente, é o seu corpo técnico e isso sempre foi assim."

    Segundo Olinto, o que muda em sua gestão é o que chamou de "olhar de casa", marcado pelo fato de ser funcionário de carreira do instituto há quase 40 anos e ter passado por todos os cargos do órgão.

    Entre as suas prioridades, apontou a modernização das pesquisas e parcerias com outros "produtores de estatística" –como a Receita Federal–, de modo que as mesmas perguntas não precisem ser feitas por diferentes órgãos para o mesmo grupo de entrevistados.

    Isso, no entanto, não teria nada a ver com a venda de serviços ou pesquisas sob encomenda.

    "Instituto público de estatística não vende serviços. Ele é propriedade de todos", disse. Mas se uma empresa privada quiser colocar dinheiro para fazer pesquisa, ele afirmou que não vê problemas, "desde que essa empresa aceite as condições impostas pelo IBGE."

    Olinto defendeu as revisões feitas na Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) e Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), que acabaram causando mudanças importantes nos números no início de 2017. A PMC, por exemplo, saiu de uma queda de 0,7% para uma alta de 5,5% em janeiro sobre dezembro. Depois a pesquisa foi revisada novamente e a alta passou a 6%.

    Questionado se a revisão impactou positivamente o PIB do primeiro trimestre, Olinto afirmou que, sem as revisões, o PIB estaria incorreto.

    "O IBGE não tem calendário político, tem calendário técnico". Segundo ele, a partir das críticas recebidas, o que o instituto vai passar a anunciar as mudanças não com um, mas com dois meses de antecedência.

    O IBGE, ressaltou Olinto, dará início também a duas grandes pesquisas: a POF (Pesquisa de Orçamento Familiar), que identifica a renda das famílias de forma mais aprofundada que a Pnad, e o Censo Agropecuário.

    As pesquisas saem com atraso e, no caso do Censo, com orçamento pela metade (de R$ 500 milhões) do que já se pensou em investir.

    "Não é o ideal, mas é o possível, sem se afastar de nossos padrões".

    Olinto também questionou as críticas do economista Marcos Lisboa, que disse em entrevista à Folha que, com as revisões, o IBGE tinha quebrado o termômetro. "Ele vai discutir isso com a PMC?"

    Olinto qualificou a colocação como "leviana". "Não quebrou nada. É não olhar o IBGE como se deve".

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