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    Analistas questionam se JBS não fez mau negócio com Minerva

    RENATA AGOSTINI
    RAQUEL LANDIM
    DE SÃO PAULO

    06/06/2017 22h01

    Pedro Ladeira/Folhapress
    LAPA, PR, BRASIL, 21-03-2017, 12h00: O ministro da Agricultura Blairo Maggi realiza visita técnica e vistoria na planta do frigorífico SIF 530, da Seara, do grupo JBS. Esta é uma das plantas investigadas na operação Carne Fraca da Polícia Federal, e está com a licença de exportação suspensa. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    Frigorífico da JBS no Paraná

    Imersa numa crise aguda de reputação e pressionada por bancos credores, a JBS fechou a venda de sua operação na Argentina, no Uruguai e no Paraguai para o rival Minerva por US$ 300 milhões (cerca de R$ 1 bilhão).

    O acordo marca praticamente a saída da JBS desses mercados, já que a empresa só manterá o negócio de couros na Argentina e no Uruguai.

    A JBS informou que usará o dinheiro da venda para reduzir seu endividamento. Ao final de março, a diferença entre o que a empresa devia na praça e o que tinha em caixa beirava os R$ 48 bilhões.

    Essa conta já preocupava analistas que acompanham os números da empresa. Eles contavam com a abertura de capital da empresa nos EUA para ver a cifra baixar –agora sem data para acontecer.

    Com o negócio, o Minerva ficará com as operações de abate, desossa, industrialização, processamento e comercialização nos três países países, juntamente com o direito de uso de marcas como Swift e Cabaña La Lilas.

    A JBS já vinha mantendo conversas com o concorrente e as negociações correram sem o intermédio de bancos ou assessorias, como costuma ocorrer nesses casos.

    Porém, a crise desencadeada pela delação de Joesley e Wesley Batista foi decisiva para que o acordo saísse, segundo um executivo com conhecimento das tratativas.

    JBS MUNDO AFORA - Participação na receita total, em %

    Com a JBS na mira de operações da Polícia Federal, o lançamento das ações nos EUA naufragou. A delação piorou o cenário e agora a companhia tenta convencer bancos a adiarem o vencimento de parte das dívidas.

    O negócio com o Minerva visa capitalizar a empresa neste momento de crise e sinalizar ao mercado que ela está disposta a sacrificar parte do império montado nos últimos anos para manter-se de pé, diz um executivo que acompanhou a decisão.

    As vendas da empresa no Mercosul vinham apresentando queda recentemente. Na Argentina, o desempenho ruim da operação preocupava a cúpula da companhia.

    Apesar disso, o valor anunciado de US$ 300 milhões fez analistas questionarem se a JBS não acabou fazendo um mau negócio ao final.

    É que montar a operação na Argentina, no Paraguai e no Uruguai custou à companhia dos irmãos Batista mais de US$ 360 milhões.

    Na Argentina, a maior aquisição foi a da Swift Armour, em 2005, que marcou o início da expansão internacional do grupo e consumiu US$ 200 milhões (valor da época).

    A fábrica recém-inaugurada pela JBS no Paraguai também entrou no pacote. A unidade ficou pronta em setembro de 2016, era considerada "de ponta" e custou cerca de R$ 80 milhões.

    Outras unidades vieram com a compra do frigorífico Bertin, o que torna difícil o cálculo de quanto custaram individualmente.

    A JBS argumenta que, desde que ingressou nesses mercados, vendeu ativos, como uma unidade de abate e um centro de distribuição.

    MUSCULATURA

    Segundo maior frigorífico do país, o Minerva tinha interesse em em aumentar a presença no Mercosul e vinha estudando especialmente oportunidades no mercado argentino –já tem unidades no Paraguai e no Uruguai. Com a compra, reforça sua posição no mercado internacional.

    Com o anúncio, as ações da JBS subiram 8,4%, e as do Minerva, 5,6%.

    A operação está sujeita à aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

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