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    Petrobras reajusta gás de botijão em 6,7%; preço será revisado todo mês

    NICOLA PAMPLONA
    DO RIO

    07/06/2017 09h34 - Atualizado às 14h03

    A Petrobras anunciou nesta quarta-feira (7) uma nova política de preços para o gás de botijão, que passará a ser reajustado mensalmente, assim como já funciona com a gasolina e o diesel desde o fim de 2016.

    Neste mês, o preço do produto repassado às distribuidoras subirá 6,7%.

    O reajuste vale apenas para botijões de 13 quilos, os mais populares. Segundo a estatal, se o repasse for integral, o aumento para o consumidor será de 2,2%, ou R$ 1,25 por botijão.

    O último reajuste promovido pela estatal no preço deste combustível foi realizado no dia 21 de março, quando o valor cobrado nas refinarias subiu 9,8%.

    A nova política de preços para o gás de cozinha institui uma fórmula que considera as cotações europeias do butano e do propano –gases obtidos a partir do refino de petróleo que compõem a fórmula do gás liquefeito de petróleo (GLP, o nome técnico do gás de cozinha).

    Sobre esse valor, será aplicada uma margem de 5%. Os reajustes serão automáticos e realizados no dia 5 de cada mês.

    Com isso, a Petrobras reduz os riscos de retorno à política de subsídios para o combustível, que passou a vigorar em 2003, no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

    Na época, o governo decidiu que o preço do gás vendido em botijões de 13 quilos seria congelado e teria uma política diferente da praticada para as vendas do combustível em outros vasilhames –geralmente usados por comércio e indústria.

    A política foi oficializada em resolução do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) em 2005, que prevê "preços diferenciados e inferiores" para o gás vendido em botijões de 13 quilos.

    O presidente da Petrobras, Pedro Parente, defendeu que, apesar da mudança, a empresa continua seguindo a determinação do CNPE: segundo ele, a definição de preço para outros vasilhames considera a paridade de importação (que representa a soma da cotação internacional aos custos de importação do produto); já para 13 quilos, não são contabilizados os custos de importação.

    Segundo cálculos do Sindicato das Empresas Distribuidoras de Gás Liquefeito de Petróleo (Sindigás), após o reajuste desta quarta, o preço do gás vendido em botijões de 13 quilos ainda ficará 15% abaixo da paridade internacional e 45% a 50% abaixo do valor cobrado pelo combustível para venda em outros vasilhames.

    A entidade avaliou a mudança como positiva, mas diz que a diferença de preços para o produto vendido para indústrias "penaliza setores que atravessam momento de grave crise econômica".

    Parente evitou comentários sobre as perdas da empresa durante o período de subsídios. "Estamos olhando para a frente", disse.

    PREVISIBILIDADE

    Embora negue relação da medida com o processo de venda de ativos da estatal, Parente admite que a nova política de preços ajuda a buscar sócios para as refinarias da empresa, ao dar maior previsibilidade e clareza sobre as receitas futuras.

    "O principal motivador é o fato de ser o único derivado para o qual não tínhamos uma política de preços. Mas contribui para que os futuros parceiros tenham clareza maior [sobre o investimento em refinarias]", afirmou, em entrevista para detalhar as mudanças.

    O executivo ressaltou, porém, que a empresa ainda não definiu um modelo de venda de participações em suas refinarias.

    "Esperamos tê-lo em breve. Já anunciamos que queremos ter, em outras áreas da empresa, os imensos benefícios que temos com as parcerias na área de exploração e produção", comentou.

    O plano de negócios da Petrobras prevê vendas de US$ 21 bilhões até o final de 2018.

    GASOLINA

    O presidente da Petrobras voltou a dizer que a empresa está revisando sua política de preços para gasolina e diesel, implantada em outubro de 2016, o que pode resultar na aplicação de ajustes mais frequentes —atualmente, a empresa tem optado por uma mudança por mês.

    "A conclusão é que esta periodicidade não lida muito bem com a volatilidade no mercado internacional", disse.

    Da última vez em que a empresa realizou reajustes com frequência maior do que mensal foi durante o último ano do governo Fernando Henrique, quando Francisco Gros presidia a estatal.

    A política, porém, não durou muito tempo: foi abortada após críticas do então candidato à presidência José Serra (PSDB), para quem os seguidos anúncios de aumento de preços interferiam na campanha eleitoral.

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