• Mercado

    Sunday, 19-May-2024 19:01:52 -03

    Atraso em reformas não deve se tornar 'problema artificial', diz Meirelles

    MÁRIO CAMERA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS

    09/06/2017 11h46 - Atualizado às 13h03

    Eric Piermont/AFP
    Atraso em reformas não deve se tornar "problema artificial", diz Meirelles

    O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, comentou nesta sexta (9), em Paris, a decisão do presidente Michel Temer de adiar as reformas da Previdência e trabalhista. O ministro voltou a enfatizar que, para ele, o que importa é que as reformas passem e se um ajuste no cronograma for necessário, "tudo bem".

    "O que não se pode é criar um problema artificial: tem de ser, porque senão é um problema. Não existe isso. Tenho enfatizado de que quanto mais cedo melhor, mas não vamos criar um limite artificial que não pode ser rompido", afirmou, durante encontro com a imprensa brasileira após se reunir com o ministro da Economia da França.

    Meirelles lembrou que a reforma trabalhista já foi votada na comissão especial do Senado e disse que o "importante" é que as reformas continuem avançando.

    Ele comentou, ainda, a declaração do deputado Beto Mansur (PRB-SP), um dos principais aliados de Temer na Câmara e que ontem afirmou que a reforma da Previdência "subiu no telhado" e que deve ficar "para agosto".

    "Evidentemente que parlamentares têm suas opiniões diversas, mas, por exemplo, o presidente da Câmara [Rodrigo Maia - PMDB-RJ] tem dito com toda clareza que pretende colocar as reformas em votação", disse o ministro.

    BANCO CENTRAL

    O ministro descartou, ainda, colocar a independência do Banco Central como prioridade neste momento.

    "Evidentemente que a prioridade agora é a reforma trabalhista. A segunda é a da Previdência e a terceira é a fiscal. Certamente, o Banco Central é uma medida da maior importância (...), mas não é a prioridade agora", afirmou.

    A autonomia do BC, que segundo ele já funciona na prática, é pleiteada há anos - a discussão, inclusive, era corrente quando o próprio Meirelles presidiu o banco -, mas está engavetada e não tem data para sair.

    "O Banco Central está tendo toda a autonomia de ação, autonomia operacional - que eu próprio tinha quando estava lá [durante o governo Lula] - está tendo agora, operando com sucesso. A inflação está caindo, o juro está caindo. É isso que interessa", disse o ministro.

    INVESTIMENTO

    O ministro disse também que, até o fim de 2017, o Brasil deve voltar a ter uma taxa de investimentos positiva no país, invertendo uma tendência que já dura três anos e meio, segundo dados divulgados no início deste mês pelo IBGE.

    "Os números de investimento até agora foram, este ano, positivos. O importante é que a tendência é de avanço do investimento na medida em que o país já retomou a estratégia e a trajetória de crescimento", afirmou o ministro, ao ser questionado se a taxa de investimento no país continuará a trajetória registrada nos últimos 14 trimestres, quando houve queda de quase 30%.

    Segundo Meirelles, o governo entra no segundo semestre do ano sem uma projeção de crescimento da taxa de investimento no país para 2017.

    "Em relação ao crescimento, estamos analisando, porque durante estes dois anos de recessão, o PIB caiu cerca de 8% e o investimento caiu 30%. Então, a tendência de recuperação do investimento é mais rápida, exatamente porque a queda foi maior e tem mais espaço e maior necessidade", afirmou.

    "Não temos essa projeção. Acredito que com a consolidação dessa trajetória de crescimento [dos investimentos] nos próximo meses possamos ter uma estimativa mais precisa", disse.

    Meirelles encerra nesta sexta uma visita de três dias a Paris, na qual participou da reunião ministerial da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) e teve diversos encontros com empresários, além de reuniões bilaterais.

    Durante discurso no Fórum Econômico Internacional América Latina e Caribe, teve sua fala interrompida por gritos de "golpista" proferidos por uma mulher que se identificou como sendo uma militante do PT (Partido dos Trabalhadores).

    Meirelles também se reuniu com o ministro da Economia da França, Bruno Le Maire. O ministro retorna a Brasília ainda nesta sexta.

    Edição impressa

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024