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    Brasileiro quer se aposentar aos 61 com renda anual de R$ 70 mil

    DANYLO MARTINS
    DE SÃO PAULO

    12/06/2017 02h00

    O investidor brasileiro pretende se aposentar aos 61 anos e espera viver até os 81, com renda anual de cerca de R$ 70 mil, menos de R$ 6 mil por mês, segundo estudo da gestora americana BlackRock, antecipado à Folha.

    A renda necessária para aposentadoria muda conforme o perfil do poupador. Entre investidores de varejo -com até R$ 200 mil em aplicações financeiras, segundo os critérios da gestora-, o valor cai para R$ 35 mil por ano, o que não dá R$ 3 mil por mês.

    Para os investidores de alta renda -com carteira de aplicações superior a R$ 200 mil-, a quantia cresce para R$ 110 mil ao ano, conforme a pesquisa, que entrevistou mil investidores no Brasil.

    Os montantes consideram a manutenção de despesas básicas, de acordo com o padrão de vida atual dos investidores. "Parecem valores acanhados, mas não contemplam gastos extraordinários na aposentadoria, como viagens", diz Carlos Takahashi, consultor sênior da BlackRock no Brasil.

    Organização financeira - Simulações mostram quanto poupar para se aposentar aos 61 anos

    A quantia acumulada depende do esforço de poupança ao longo do tempo. Para alguns especialistas, a reserva ideal precisa gerar, durante a fase da aposentadoria, um rendimento mensal de pelo menos 70% da renda que o trabalhador tinha na ativa.

    Outros defendem um porcentual maior, de até 90%. Na prática, não há uma receita de bolo. "O ideal é evitar uma redução no padrão de vida que afete itens essenciais como alimentação, vestuário etc.", afirma Rogério Araújo, especialista em previdência e diretor da TGL Consultoria.

    COMEÇAR CEDO

    Para não ter dor de cabeça no futuro, a recomendação básica é criar o hábito de poupança o mais cedo possível, com aplicações que complementem a contribuição à Previdência, diz Takahashi.

    Quem começa aos 25 anos, por exemplo, precisaria investir mensalmente R$ 1.550 para obter renda anual de R$ 70 mil, conforme simulações feitas por Ivens Gasparotto Filho, diretor de análise e alocação da Guide Life, empresa de planejamento financeiro da Guide Investimentos.

    Prioridades financeiras

    Um investidor que começasse aos 35 anos a formar reservas para aposentadoria teria de aumentar para R$ 2.710 o aporte mensal se quisesse alcançar o mesmo objetivo.

    Para uma pessoa que resolvesse investir a partir dos 45 anos, o esforço seria ainda maior: seria preciso poupar todo mês mais que o dobro em relação ao investidor que deu a largada dez anos antes.

    "Definir o tempo até se aposentar, conhecer o padrão de vida atual e ter disciplina para guardar um valor mensalmente fazem parte do planejamento financeiro com foco na aposentadoria", afirma Araújo, da TGL.

    O cálculo do dinheiro que será necessário na aposentadoria deve levar em conta, ainda, o aumento da expectativa de vida no país. No caso de quem tem 60 anos, por exemplo, a esperança é de viver, em média, por mais 22 anos, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

    SAÚDE

    Gastos com saúde, que costumam crescer na aposentadoria, também não podem ser ignorados por quem decide poupar para preservar o padrão de vida quando a velhice chegar.

    "A inflação dos planos de saúde é muito mais alta do que a inflação oficial", diz Ivens Gasparotto Filho, diretor de análise da empresa de planejamento financeiro Guide Life.

    No mês passado, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), órgão regulador do setor, definiu que as operadoras de planos de saúde poderão reajustar os valores dos seus contratos em até 13,55%.

    No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA, índice oficial da inflação no país, acumulou alta de apenas 3,60%, abaixo do centro da meta oficial estabelecida pelo governo, que é de 4,5% atualmente.

    Os custos com saúde representam o quarto maior risco para o futuro financeiro, na visão dos investidores brasileiros entrevistados pela gestora americana BlackRock. Esse item só fica atrás da preocupação com a economia local, a alta do custo de vida e a instabilidade política. (DM)

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