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    Importados ganham espaço na produção da indústria

    MAELI PRADO
    DE BRASÍLIA

    18/06/2017 02h00

    Marcelo Justo/Folhapress
    HORTOLANDIA, SP, BRASIL, 26-10-2012, 12h15: Operários trabalham em montagem de vagão de trem do monotrilho que será implantado na linha 2 Verde do Metro de SP, na Bombardier, uma das empresas do setor ferroviário de Hortolândia, 130 Km da Capital. A retomada dos investimentos ferroviários no Brasil fez Hortolândia resgatar a sua tradição na indústria do setor na cidade se tornando o principal polo de produção do país. (Foto: Marcelo Justo/Folhapress, MERCADO) ***ESPECIAL***
    Câmbio favorável e alta na produção de bens duráveis impulsionaram crescimento

    Com o câmbio mais estável e atrativo e o aumento da fabricação de bens duráveis, as importações de insumos tiveram neste ano a maior participação na produção industrial brasileira para um primeiro trimestre desde 2005.

    De janeiro a março, a indústria usou em sua produção 14% a mais de bens intermediários comprados de outros países ante mesmo período de 2016, segundo dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

    A expansão na importação é reflexo, em parte, do desempenho da produção de bens duráveis, como automóveis e eletrônicos, que cresceu 8,7% de janeiro a abril deste ano, aumentando a demanda por esses insumos.

    Sinaliza também que a maior estabilidade do dólar em relação ao real vem levando a indústria a apostar mais nos importados para suprir sua demanda.

    No primeiro semestre de 2016, em meio ao cenário político conturbado que culminou no impeachment de Dilma Rousseff, a forte valorização do dólar e a própria turbulência econômica inibiram compras de outros países.

    TEM IMPORTADO NA INDÚSTRIA - Insumos importados têm maior participação no 1º trimestre desde 2005<br><br><b>Índice de tendência de participação dos importados</b>

    "De meados do ano passado para cá houve uma certa estabilização do câmbio em um patamar que não é proibitivo às importações, de R$ 3, R$ 3,30. E o fato de ter previsibilidade também ajuda bastante", diz Fernando Ribeiro, pesquisador do Ipea.

    Para Rafael Cagnin, economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), esse aumento de participação tem a ver com a recuperação da produção de segmentos em que o uso de importados de maior valor agregado é alto.

    Outro fator, na avaliação do economista do Iedi, é o bom momento da produção agrícola, que eleva a importação, por exemplo, de defensivos agrícolas e fertilizantes.

    O cálculo da fatia dos importados na indústria é feito dividindo-se a quantidade de produtos comprados de outros países pelo chamado consumo aparente da indústria, que exclui as exportações para medir melhor o impacto na atividade econômica dentro do país.

    RECUPERAÇÃO LENTA

    Se por um lado a alta do peso desse tipo de importado na produção é positiva, pois indica recuperação de parte da indústria, por outro a avaliação é que acaba deixando a reação da economia como um todo um pouco mais lenta.

    "A integração com outros países é um processo bom para os países. Mas em períodos de recuperação, quanto mais elos internos da cadeia favorecerem um ao outro, mais rapidamente a recuperação acontece", afirma Cagnin. "Quando isso não ocorre, há um escape do dinamismo da economia."

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