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    Importação cresce e produção das refinarias nacionais cai a pior nível

    NICOLA PAMPLONA
    DO RIO

    19/06/2017 02h00

    Replan/Divulgação
    Refinaria de Paulinia (Replan), Paulinia, São Paulo.
    Refinaria no interior do Estado de São Paulo.

    Enquanto as importações de combustíveis crescem, a produção das refinarias nacionais atingiu em 2017 o pior nível desde a crise econômica do final da década passada. Para especialistas, o país vem trocando produtos nacionais por importados como reflexo da política de preços da Petrobras.

    Além dos impactos na receita da estatal, o movimento amplia a remessa para o exterior dos dólares usados para importar os produtos. Sindicatos acusam a empresa de facilitar importações para atrair interessados para suas refinarias.

    De acordo com dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), as refinarias brasileiras produziram 221,4 milhões de barris de derivados de petróleo no primeiro quadrimestre de 2017.

    É o menor volume para o período desde 2010 e representa uma queda de 7,7% com relação aos primeiros quatro meses de 2016.

    A queda nas vendas de combustíveis no Brasil, de 2,6% no quadrimestre, explica parcialmente esse movimento, mas os dados da ANP indicam também que quase 20% do mercado já é hoje abastecido por produtos importados.

    As importações subiram para 41,4% com relação ao mesmo período do ano anterior, para 79,138 milhões de barris, o maior valor pelo menos desde 2000, quando os dados começaram a ser compilados pela ANP.

    Com isso, a despesa com importação de combustíveis cresceu 79,7%, para US$ 4,357 bilhões.

    O analista da Tendências Walter Vitto lembra que as importações vêm crescendo desde meados de 2016.

    Em um primeiro momento, porém, substituíam apenas o produto importado pela própria Petrobras, que decidiu transferir essa responsabilidade para o setor privado. Agora, começam a afetar a produção das refinarias.

    No primeiro trimestre, o parque de refino da estatal operou a 77% de sua capacidade, quase sete pontos percentuais a menos do que um ano antes e bem abaixo do pico de 98% registrado em 2013, quando as vendas de combustíveis no país estavam pouco acima do volume de vendas atual.

    Para Vitto, três fatores podem justificar o movimento: preços internos muito mais altos do que os internacionais, maior eficiência de empresas privadas para trazer combustíveis do mercado externo ou prática de dumping por importadores.

    Ele considera "estranha" a substituição de produtos nacionais por importados. "Isso, de fato, só deveria ocorrer se a Petrobras tivesse prejuízo com o refino, o que atualmente não me parece ser o caso", diz.

    DEPENDE DO EXTERIOR - Produção de combustível no Brasil cai ao menor nível desde 2010

    VENDA DE ATIVOS

    Sindicatos ligados à estatal acusam a empresa de facilitar a entrada de outros agentes no mercado brasileiro de combustíveis para atrair interessados para as refinarias que farão parte de seu pacote de vendas de ativos.

    "A abertura do mercado dá força a empresas que queiram investir no país", diz o diretor do Sindicato dos Petroleiros da Bahia, Deyvid Bacelar, que representou os trabalhadores no conselho de administração da estatal entre 2015 e 2016.

    A Petrobras já anunciou que pretende incluir participações em refinarias na lista de ativos de seu plano de desinvestimentos, que prevê arrecadar US$ 21 bilhões até o fim de 2018.

    A estatal já reconheceu que a política de preços estabelecida em outubro de 2016 ampliou a margem para importações por terceiros e, por isso, decidiu rever a periodicidade dos reajustes - tornando-os mais frequentes para reduzir as janelas de importação a preços mais baixos.

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