• Mercado

    Thursday, 02-May-2024 15:04:03 -03

    Importação de álcool cresce 403% no 1º tri e preocupa agência reguladora

    NICOLA PAMPLONA
    DO RIO

    20/06/2017 19h20

    Joel Silva 6.jun.2017/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL- 06-06-2017 : Motoristas aguardam em fila para abastecer em posto na AV Sumar, Sao Paulo. Acao realizada pela 9ª vez em São Paulo a ação "Gasolina sem imposto", em comemoração ao chamado Dia da Liberdade de Impostos. Um posto da zona oeste vai vender 5.000 litros de gasolina sem o custo dos tributos, ou seja, a R$ 1,484 o litro.O combustível será vendido por cerca da metade do preço atual, como se sobre ele não incidissem tributos como a CIDE, PIS, Cofins e ICMS.O evento é organizado pelo Instituto de Formação de Líderes de São Paulo, juntamente com parceiros, que subsidiarão a diferença de preço. ( Foto: Joel Silva/Folhapress ) ***MERCADO *** ( ***EXCLUSIVO FOLHA***)
    Fila de posto em São Paulo com preço promocional, durante o Dia da Liberdade de Impostos

    A exemplo do que ocorre com a gasolina e com o diesel, as importações de etanol dispararam em 2017, com alta de 403% no primeiro trimestre, de acordo com a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). O número acendeu um alerta na agência, que decidiu avaliar medidas para reverter o quadro.

    "Para um país que é o maior produtor mundial de etanol, é muito estranho. Vamos fazer um trabalho para entender o porquê de um país que tem uma oferta tão grande de matéria-prima não consegue transformar isso em combustível", afirmou nesta terça-feira (20) o diretor da ANP Aurélio Amaral.

    Ele diz que, assim como no caso dos derivados de petróleo, os preços mais baixos no exterior podem justificar o aumento das importações de etanol, já que a grande produção de etanol de milho baixou o preço do combustível nos Estados Unidos.

    Com a colheita da safra no segundo trimestre, Amaral acredita que as importações tendem a cair, mas afirma que o tema precisa ser discutido, para que sejam propostas medidas para incentivar a produção nacional.

    No caso da gasolina e do diesel, houve aumento de 164% e 69% nas importações no primeiro trimestre. Os produtos importados já substituem a produção nacional de combustíveis, que atingiu em 2017 o pior nível da década.

    "O principal fator é preço", comentou Amaral, em entrevista após evento sobre biocombustíveis no Rio.

    Na semana passada, a Petrobras anunciou que vai realizar ajustes mais frequentes em seus preços para tentar reduzir as oportunidades de importações por terceiros. As refinarias da estatal operaram a 77% de sua capacidade no primeiro trimestre, o menor patamar nos últimos anos.

    Neste caso, porém, a ANP diz que não pode interferir, já que os preços refletem a política comercial da Petrobras e de importadores.

    REFINO

    Também presente ao evento, o diretor de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE),José Mauro Coelho disse que a tendência é que as importações de gasolina diminuam, mas o Brasil continuará deficitário em diesel e querosene de aviação.

    Por isso, ele acredita que pode haver espaço para novos investimentos em refino no país. O governo já recebeu grupos chineses, indianos e iranianos interessados em investimentos no setor.

    Em seu plano decenal de energia, atualmente em elaboração, a EPE, porém, não prevê novas refinarias até 2026. O único investimento no setor seria a ampliação da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

    O Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro) não estará incluído no plano, disse Coelho.

    "O Brasil tem grande oportunidade para o refino, porque está fora da rota comercial, tem um grande mercado consumidor e é grande produtor de petróleo", comentou Amaral, da ANP, que já conversou com grupos interessados.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024