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    Google vai parar de ler e-mails de usuários para direcionar publicidade

    DO "FINANCIAL TIMES"

    23/06/2017 17h45

    Jeff Chiu/AP
    Google vai parar de ler e-mails de usuários para direcionar publicidade
    Google vai parar de ler e-mails de usuários para direcionar publicidade

    O Google vai deixar de personalizar anúncios com base em mensagens do Gmail, uma prática que causou preocupações quanto à privacidade dos assinantes desde que o serviço de e-mail da empresa foi criado, em 2004.

    O abandono tardio da prática está relacionado aos esforços do Google para vender serviços em nuvem como o Gmail a clientes empresariais, algo que a empresa vê como seu próximo grande negócio.

    Os e-mails eram lidos para esse fim apenas na versão gratuita do Gmail, e não na versão paga vendida a empresas. No entanto, a desinformação quanto ao alcance dessa prática dificultava a conquista de novos clientes empresariais, disse Diane Greene, que comanda as operações de computação em nuvem do Google.

    Colocar os interesses dos negócios ditos "empresariais" adiante dos tradicionais serviços ao consumidor da empresa, bancados por publicidade, é um sinal das novas prioridades do Google bem como do poder crescente de Greene, contratada para posição no final de 2015.

    O Google sempre descartou as preocupações quanto à privacidade associada à sua leitura de e-mails, recusando-se aceitar que elas fossem válidas. Sergey Brin, um dos cofundadores da empresa, por exemplo, denunciou esses temores como "irracionais" pouco depois do lançamento do Gmail, argumentando que o processo utilizado era parecido com aquele que um software antivírus emprega para averiguar a presença de malware em uma mensagem.

    As preocupações continuadas quanto à privacidade das mensagens de e-mail também expõem a preocupação mais séria que algumas empresas sentem quanto a trabalhar mais estreitamente com o Google. A companhia está tentando convencê-las de que não usará os dados dos clientes para seus propósitos.

    O Google informa que três milhões de empresas pagam por seu pacote G Suite de aplicativos, que inclui o Gmail e o Google Docs, e que o número de trabalhadores que o utilizam em grandes empresas dobrou nos últimos 18 meses. Mas esse serviço avançou menos no mundo empresarial do que era amplamente previsto quanto ele foi lançado mais de uma década atrás, diante da Microsoft, a líder do segmento.

    O boom da publicidade online deixou à sombra os serviços para empresas do Google. E os dez anos de demora em promover essa área de negócios deram à Microsoft tempo suficiente para reformular seu pacote Office de aplicativos de produtividade —hoje o seu maior negócio— a fim de concorrer melhor com rivais baseados em nuvem como o Google.

    Além da tentativa renovada de combater a Microsoft em seu mais importante mercado, o Google agora está enfrentando um novo concorrente, a Amazon, que vem trabalhando no desenvolvimento de um pacote de aplicativos disponíveis em nuvem.

    A tentativa de reassegurar as empresas de que seus dados empresariais estarão seguros surge depois de outras medidas de Green para reformular os aplicativos em nuvem da empresa, entre as quais a solução da confusão que existia em termos de branding. Originalmente conhecido como Google Apps, o pacote pago de aplicativos mais tarde assumiu diversos nomes, entre os quais Google Apps for Your Domain e Google Apps for Work, antes de adotar a marca G Suite no ano passado.

    O Google anunciou que continuaria a veicular publicidade no serviço gratuito do Gmail. Ainda que deixe de ler as mensagens de e-mails dos usuários, a empresa contará com amplos dados para direcionar publicidade, porque terá pleno acesso a coisas como o histórico de buscas dos usuários e à lista de vídeos assistidos no YouTube enquanto eles estão conectados às suas contas no Google.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

    Edição impressa
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