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    o brasil que dá certo - inovação

    Montadoras usam recursos como sol e vento para tornar produção 'verde'

    EDUARDO SODRÉ
    COLUNISTA DA FOLHA

    30/06/2017 02h00

    Divulgação
    Sede da Honda Energy, Xangri-lá (RS)
    Sede da Honda Energy, Xangri-lá (RS)

    As nove torres instaladas no parque eólico da Honda, na cidade gaúcha de Xangri-lá, fornecem eletricidade para a fábrica localizada no interior de São Paulo a 1.100 quilômetros de distância.

    A montadora japonesa aproveita a força dos ventos no Brasil para gerar energia limpa e, assim, atender a uma demanda da matriz: diminuir em 30% as emissões de CO₂ (gás carbônico) da marca até 2020, em relação ao ano 2000.

    A meta de redução abrange o que sai pelos escapamentos dos veículos e também o que é emitido nas linhas de montagem. Ações do tipo buscam poupar recursos e melhorar a imagem da indústria automotiva, sempre vinculada a danos ambientais mundo afora.

    "A energia gerada no Rio Grande do Sul é transmitida pelo Sistema Interligado Nacional e pode ser usada em qualquer lugar", diz Carlos Eigi, presidente da Honda Energy. Há o cruzamento de dados de consumo na fábrica de Sumaré (a 118 km de São Paulo) com o que é gerado em Xangri-Lá.

    A montadora afirma que já fornece mais do que gasta na linha de montagem. A meta de 30% de redução nas emissões de CO₂ foi superada em 2015, primeiro ano de operações do parque eólico. Na época, a queda ficou em 50%.

    BENEFÍCIOS

    Por gerar sua própria energia de forma limpa, a Honda tem direito a 50% de redução nas taxas de transmissão e de distribuição de energia. Hoje, os benefícios amortizam os R$ 100 milhões gastos na construção do parque eólico, mas pode haver lucro em um futuro não muito distante.

    Segundo Antonio Megale, presidente da Anfavea (associação nacional das montadoras) o plano chamado Rota 2030, que quer definir as bases de desenvolvimento do setor automotivo nos próximos anos, prevê mais incentivos às tecnologias limpas.

    "É preciso ver todo o ciclo de produção da cadeia automotiva", diz Megale. A Anfavea defende um novo cálculo de tributos, feito a partir da eficiência energética dos veículos e das operações de suas montadoras.

    Enquanto a Honda investe no vento, o grupo FCA Fiat Chrysler aposta no sol. A empresa desenvolve uma tecnologia que capta a luz por meio de células fotovoltaicas instaladas em protótipos e a transforma em energia, que recarrega a bateria do carro. A técnica diminui o consumo de combustível e a emissão de poluentes.

    Cálculos feitos na Europa mostram que a tecnologia permite reduzir em 2,5% o gasto com gasolina. "No Brasil, que tem maior incidência solar, o ganho será maior", diz Toshizaemom Noce, supervisor de inovação da FCA.

    A iniciativa, batizada como Projeto Girassol, é uma parceria entre a montadora e a CSEM Brasil, empresa que produz as células fotovoltaicas. São filmes plásticos transparentes, com 20 centímetros de largura, que podem ser colocados sobre os vidros ou na lataria do veículo.

    A FCA não revela o quanto está investindo nesse projeto, mas diz que trabalha para torná-lo comercialmente viável para instalação em larga escala nos veículos.

    "As pesquisas indicam que a aplicação da película deve acontecer na linha de produção, pois há necessidade de adequações técnicas nos carros, como o uso de softwares específicos", explica Noce.

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