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    Tuesday, 30-Apr-2024 21:12:27 -03

    Protestos contra as reformas de Temer bloqueiam ruas e rodovias pelo país

    DE SÃO PAULO
    DO RIO
    DE SALVADOR
    DE BELO HORIZONTE
    DE BRASÍLIA
    DE RIBEIRÃO PRETO

    30/06/2017 06h05 - Atualizado às 19h48

    As mobilizações desta sexta-feira (30) contra as reformas trabalhista e da previdência do governo Michel Temer (PMDB) fecharam ruas, rodovias, travaram o transporte público em várias capitais e afetaram o acesso ao maior aeroporto do país, o de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo.

    Em São Paulo, manifestantes se reuniram em frente ao Masp, na avenida Paulista, por volta das 17h30. A via foi bloqueada nos dois sentidos e ocupada por manifestantes na extensão de dois quarteirões.

    Organizadores da CUT e dos movimentos Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo convocaram os manifestantes para marcharem em direção à prefeitura, onde o protesto se encerrou por volta das 20h.

    Os cartazes traziam frases contra a terceirização e a reforma da Previdência. Diretas Já, Fora Temer e Fora Doria também foram demandas no protesto, além de críticas à imprensa.

    Os protestos na capital paulista começaram logo cedo e concentraram-se em pontos localizados. A maior cidade do país não sofreu maiores transtornos porque seu sistema de transporte não parou. Trens, ônibus e metrô circularam normalmente.

    Reprodução/TV Globo
    Manifestantes bloqueiam pista da rodovia Anchieta em protesto contra as reformas do governo Temer
    Manifestantes bloqueiam pista da rodovia Anchieta em protesto contra as reformas do governo Temer

    Ao chegar à prefeitura, a maior parte dos manifestantes se dispersou. Entre os ficaram, um grupo de cerca de 30 mascarados entrou em confronto com a polícia, que soltou tês bombas. Durante todo o protesto que teve início na Paulista, nove pessoas foram levadas ao 78º DP, segundo a polícia.

    No início da tarde, cerca de 250 sindicalistas participavam de ato organizado pela Força Sindical em frente à Delegacia Regional do Trabalho, no centro, onde a rua Martins Fontes foi fechada. Integrantes da Força chamavam o governo Temer de corrupto. No palanque, o sindicalista Luiz Antônio Medeiros gritava "Fora, Temer".

    Mais cedo, um grupo com cerca de 30 pessoas interditou a avenida Francisco Morato (zona oeste), próxima à ponte Eusébio Matoso, nos dois sentidos. Com trânsito intenso e sem acesso à marginal Pinheiros, a solução encontrada por algumas pessoas foi atravessar a ponte a pé para chegar ao trabalho.

    A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) também informou que as manifestações na capital paulista interditaram por duas horas uma faixa da avenida Ipiranga, no centro. Parte da rua Boa Vista num trecho próximo à rua Três de Dezembro também foi bloqueada.

    Funcionários, estudantes e professores da USP (Universidade de São Paulo) também aderiram aos atos. Um pequeno grupo interditou pela manhã um ponto da rua Alvarenga, em frente ao portão 1 da instituição, localizada na zona oeste.

    RIO DE JANEIRO

    Manifestantes convocados por centrais sindicais realizam no centro do Rio ato contra o presidente Michel Temer e as reformas trabalhista e da Previdência.

    O protesto já encheu a praça em frente à Candelária e fechou as avenidas Rio Branco e Presidente Vargas (sentido centro). Os manifestantes se concentram até a esquina da Rua da Alfândega com a Rio Branco.

    A previsão é que haja uma passeata até a Cinelândia.

    Em discursos, líderes sindicais defendem o impeachment de Temer e a rejeição às reformas trabalhista e da Previdência. Alguns pedem que o STF (Supremo Tribunal Federal) "anulem o golpe" e devolva o cargo à ex-presidente Dilma Rousseff.

    Numa das falas, uma das líderes criticou o fato de algumas centrais sindicais não apoiarem abertamente uma greve geral para esta sexta-feira (30), substituindo por uma convocação ao "dia de luta".

    "Nossa luta deve ser maior do que a negociação pela manutenção do imposto sindical", afirmou ela.

    Um grupo de mascarados se concentra na manifestação. Eles puxaram o coro: "Não me leve a mal, estou cansado de campanha eleitoral".

    Agências bancárias instalaram tapumes em suas vidraçarias, a fim de tentar evitar danos em caso de vandalismo.

    Mais cedo, grupos de manifestantes bloquearam várias vias da cidade. Uma das vias interditadas foi a avenida 20 de Janeiro, na chegada ao aeroporto do Galeão.

    Os protestos também atingiram a Linha Vermelha e a avenida Brasil, provocando 14 quilômetros de trânsito na via. Um desvio foi montado na avenida Lobo Júnior.

    Também aconteceu uma manifestação em frente à estação de Niterói das barcas que ligam a cidade ao Rio.

    A Associação de Docentes da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) faz desde o fim desta manhã uma manifestação em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo estadual. Com o tema "Universidade contra as reformas", a manifestação é em apoio à paralisação convocada pelas centrais sindicais e movimentos sociais e contra o atraso no pagamento dos salários dos servidores estaduais. O ato bloqueia a rua Pinheiro Machado, zona sul do Rio.

    Além deles, os bancários e petroleiros do Rio também decidiram parar. A Prefeitura recomendou que a população utilize o transporte público, que funciona normalmente.

    RODOVIAS

    Reprodução
    Imagem aérea de engavetamento na Dutra, que feriu ao menos cinco pessoas após manifestação na estrada
    Imagem aérea de engavetamento na Dutra, que feriu cinco pessoas após manifestação na estrada

    Várias rodovias pelo país também foram alvo de protestos.

    Na Dutra, uma manifestação foi apontada como uma das causas de um engavetamento que envolveu cinco carretas e mais dois carros de passeio. O acidente foi registrado pela manhã, no sentido Rio.

    O protesto fechou os dois sentidos da via no km 97, em Pindamonhangaba (SP), por volta das 6h44. Segundo a Nova Dutra, concessionária que administra a estrada, a suspeita é de que os motoristas dos carros não conseguiram frear a tempo do bloqueio e se envolveram no acidente. O protesto terminou às 7h30

    Cinco pessoas que estavam nos veículos ficaram feridas, sendo que uma delas, ficou presa às ferragens e saiu do local em estado grave. Em razão do acidente, um congestionamento se formou na via e alcançou pico de 9 km de filas.

    Na Anchieta, manifestantes segurando faixas com frases contra as reformas do governo fizeram barricadas com fogo no km 16 da pista no sentido São Paulo, na região de São Bernardo do Campo (na região metropolitana).

    Na rodovia Régis Bittencourt, protestos bloquearam a faixa da direita e ocasionaram lentidão de até 5 km, entre as regiões de Taboão da Serra e Embu das Artes.

    AEROPORTOS

    Também na manhã desta sexta, houve uma manifestação do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) na rodovia Hélio Smidt, que dá acesso ao Aeroporto Internacional de Guarulhos. Os manifestantes seguiram pela via até o aeroporto.

    O grupo chegou bem próximo da entrada aos terminais 2 e 3 do aeroporto de Cumbica, mas não entrou no terminal, que funcionou normalmente. O protesto foi acompanhado pela tropa de choque da PM, que ficou posicionada caso houvesse uma tentativa de invasão. O aeroporto disponibilizou ônibus para passageiros que estavam na rodovia.

    O saguão do aeroporto de Congonhas foi tomado por manifestantes durante boa parte da manhã desta sexta. Os participantes do ato deixaram o local e seguiram pela avenida Washington Luís, no sentido centro. No início da tarde, o saguão voltou a ser ocupado por aeroportuários e funcionários da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que disseram ser contrários às reformas propostas por Temer.

    GRANDE SÃO PAULO

    Os petroleiros do ABC Paulista e litoral também aderiram aos protestos, mas a categoria pode aprovar a qualquer momento a extensão da greve por tempo indeterminado.

    Funcionários da Recap (Refinaria Capuava), em Mauá (Grande São Paulo), não entraram para trabalhar nesta manhã. Na cidade de Cubatão, ao menos 20 trabalhadores seguraram faixas em cada uma das portarias da refinaria Presidente Bernardes para impedir a entrada dos funcionários.

    Na entrada da cidade de Santos (72 km de São Paulo), um grupo também protestou na avenida Martins Fontes.

    Em Campinas (93 km de São Paulo), grevistas atearam fogo em pneus e pedaços de madeira na rodovia Santos Dumont, a única rodovia que dá acesso aos moradores da cidade ao aeroporto internacional de Viracopos.

    Reprodução/TV Globo
    Trânsito na rodovia Anchieta parado na manhã desta sexta (30) após bloqueio na pista por manifestantes
    Trânsito na rodovia Anchieta parado na manhã desta sexta (30) após bloqueio na pista por manifestantes

    BRASÍLIA

    Em Brasília, a expectativa do governo do Distrito Federal era que 5.000 pessoas comparecessem às manifestações na Esplanada dos Ministérios, esperadas para a tarde desta sexta-feira (30). Cerca de 2.600 policiais foram escalados para atuar na segurança. Membros da Força Nacional também reforçaram o policiamento no entorno dos edifícios dos ministérios, alvo de depredações durante protestos em maio.

    O dia, porém, foi de pouco movimento na região. Ao contrário das expectativas, não houve registro de manifestações no local isolado para os protestos, segundo a Polícia Militar. Diante da baixa adesão, as vias que dão acesso à Esplanada, bloqueadas desde meia-noite, foram liberadas por volta das 18h.

    A greve foi marcada por pequenos atos registrados em pontos diferentes do Distrito Federal. Por volta das 5h, um grupo de manifestantes ateou fogo em pneus na BR-020, entre Sobradinho e Planaltina, no sentido Plano Piloto. Em seguida, deixou o local. A via foi liberada por volta das 6h30.

    Em Taguatinga, cerca de 200 manifestantes, segundo estimativa da Polícia Militar, reuniram-se na Praça do Relógio. O grupo, composto por professores e representantes de centrais sindicais, protestou contra as reformas trabalhista e da Previdência. Também houve atos próximos ao Conic, na região anterior à Esplanada (onde havia cerca de 50 pessoas, segundo a PM), e próximo ao Ibama, na Asa Norte.

    O maior reflexo foi sentido no transporte público. Estações de metrô amanheceram fechadas e ônibus deixaram de circular. Sem ônibus, usuários recorrem ao transporte "pirata" para chegar ao trabalho.

    Na quinta (29), a Procuradoria-Geral do Distrito Federal chegou a obter uma liminar que garantia o funcionamento mínimo de 50% da frota de ônibus. Um dos pontos mais movimentados do transporte público, a estação rodoviária do Plano Piloto ficou vazia. Questionada, porém, a Semob (Secretaria de Mobilidade do Distrito Federal) não informou o total da frota em circulação nesta sexta. Cerca de 500 mil utilizam o transporte público coletivo no DF todos os dias.

    BELO HORIZONTE

    Em Belo Horizonte, o metrô não funcionou. Como os ônibus são a única opção, o trânsito ficou carregado na capital mineira.

    A greve também fechou as escolas estaduais e municipais, além de reduzir os serviços de saúde à escala mínima. As agências bancárias também não funcionaram.

    Carolina Linhares/Folhapress
    A CUT (Central Única dos Trabalhadores) se concentra na praça da Estação, no centro de Belo Horizonte. Os manifestantes estão em menor número em relação à greve do dia 28 de abril.
    A CUT se concentra na praça da Estação, no centro de Belo Horizonte

    Servidores da rede municipal de educação da capital mineira realizaram assembleia na praça Afonso Arinos, na região central.

    Pela manhã, houve bloqueio de manifestantes com queima de pneus na Av. Cristiano Machado. Um protesto organizado pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) e por sem-teto, em Contagem (região metropolitana), também gerou reflexos na BR 381.

    SALVADOR

    Em Salvador, os ônibus e metrô circularam normalmente. Os rodoviários, contudo, bloquearam o tráfego na avenida Antônio Carlos Magalhães, em frente ao Shopping da Bahia, causando congestionamento numa das regiões mais movimentadas da cidade.

    Sindicalistas também bloquearam acessos ao Polo Industrial de Camaçari, na região metropolitana, e impediram o acesso de operários.

    SUL DO PAÍS

    Um grupo interditou a rodovia BR-293, na região da cidade de Candiota (RS). Grevistas também queimaram pneus na pista sentido capital da rodovia BR-116, no km 2, em Porto Alegre.

    Na cidade de Sarandi (RS), houve uma interdição parcial da BR-386 devido À queima de pneus, mas sem a presença de manifestantes no local, de acordo com a PRF (Polícia Rodoviária Federal).

    Em Santa Catarina, um grupo bloqueou totalmente a rodovia BR-470, em Navegantes, próximo ao km 8, por volta das 5h30.

    INTERIOR DE SP

    Em Campinas, houve manifestação no Largo do Rosário, além de protestos nas avenidas Ruy Rodrigues, Amoreiras e John Boyd Dunlop.

    De acordo com o movimento, cerca de 500 pessoas se reuniram no largo no início da tarde desta sexta (30). Para a PM, foram cerca de 100.

    De manhã, houve bloqueio parcial da John Boyd Dunlop, o que provocou congestionamento. Também houve interdição parcial nas avenidas das Amoreiras —um ônibus foi apedrejado—- e Ruy Rodrigues.

    Ainda na cidade, a rodovia Santos Dumont ficou fechada por 40 minutos, das 5h20 às 6h, segundo a polícia.

    Já em Ribeirão Preto, os protestos contra as reformas do governo de Michel Temer ocorreram principalmente na esplanada do Theatro Pedro 2º, na região central da cidade.

    Segundo os manifestantes, 500 pessoas se reuniram no local para protestar contra o presidente.

    Assim como em Campinas, houve interdição por 20 minutos da pista principal da rodovia Anhanguera, no trecho urbano da cidade. O trânsito foi desviado pela Polícia Militar Rodoviária para uma via marginal.

    Em São José do Rio Preto, houve passeata em ruas da região central, com interdição parcial da avenida Alberto Andaló. O ato reuniu, conforme a organização, mil pessoas. A PM não divulgou dados.

    NORDESTE

    Na Bahia, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) estima que houve paralisações ou protestos em pelo menos 100 cidades. Ao contrário do que ocorreu na greve geral de abril, os ônibus circularam em capitais como Salvador e Fortaleza, fazendo com que a adesão à paralisação fosse mais baixa.

    (JOANA CUNHA, CATIA SEABRA, MARTHA ALVES, LUIZA FRANCO, ITALO NOGUEIRA, JOÃO PEDRO PITOMBO, CAROLINA LINHARES, NATÁLIA CANCIAN, MARCELO TOLEDO)

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