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    Vaga sem carteira vai ganhando espaço do emprego formal

    NICOLA PAMPLONA
    DO RIO

    01/07/2017 02h00

    A taxa de desemprego no país manteve-se estável no período de março a maio, mas a qualidade do emprego continuou a piorar no país, com a substituição de postos de trabalho com carteira assinada por postos informais.

    O país fechou o trimestre encerrado em maio com 13,7 milhões de pessoas sem emprego, o que representa 13,3% da população em idade de trabalhar. A taxa de desemprego estava em 13,2% no trimestre imediatamente anterior, finalizado em fevereiro.

    Essa estabilidade, porém, foi sustentada por aumento de 2,2% no número de trabalhadores no setor privado sem carteira assinada (mais 221 mil pessoas em relação ao trimestre encerrado em fevereiro) e de 3% no número de empregados do setor público (mais 329 mil pessoas).

    Além disso, os brasileiros voltaram a recorrer ao trabalho por conta própria: 216 mil passaram a trabalhar como autônomos (motorista de Uber, por exemplo), 1% mais que no trimestre até fevereiro.

    Esse crescimento do trabalho informal, no entanto, foi suplantado pela perda de vagas com carteira.

    O número de trabalhadores formais caiu em 479 mil, no 12º trimestre consecutivo de queda. Em maio, o número de empregados com carteira bateu novo recorde negativo desde o início da pesquisa do IBGE, em 2012, chegando a 33,2 milhões.

    "O trabalho registrado é muito importante na vida do trabalhador brasileiro, já que representa ter fundo de garantia, plano de saúde, auxílio-alimentação", disse o coordenador de Trabalho e Emprego do IBGE, Cimar Azeredo.

    Ele ressaltou que, em dois anos, 2,7 milhões de postos de trabalho com carteira foram perdidos. "Está crescendo a informalidade no país."

    Reportagem da Folha de abril mostrou que, no fim do ano passado, pela primeira vez metade dos brasileiros que estavam trabalhando não tinha carteira assinada. No primeiro trimestre deste (dado mais recente), esse percentual avançou para 50,2%.

    DESACELERAÇÃO

    O indicador do IBGE aponta, porém, para uma desaceleração do aumento dos desemprego nos últimos trimestres. Foi a segunda vez nos últimos trimestres, que a taxa mostra estabilidade -a primeira foi em novembro de 2016, quando o desemprego parou de subir após sete trimestres consecutivos de alta.

    Além disso, a indústria apresentou crescimento de 3% na geração de postos de trabalho -ainda que sem carteira assinada.

    Em maio, apenas a construção mostrou saldo negativo nessa base de comparação, de 3,9%.

    Mas Azeredo, do IBGE, prefere cautela ao analisar os dados. "Neste momento, a melhor leitura é não conjecturar sobre o mercado de trabalho. Temos um momento político difícil no pais e crise econômica forte."

    O mercado espera melhora nas taxas de desemprego apenas no fim do ano, se a crise política não atrapalhar a recuperação da economia.

    De acordo com o IBGE, o rendimento médio do trabalhador brasileiro também ficou estável em maio: R$ 2.109.

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