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    Articulação de Temer divide centrais e esvazia protestos

    CATIA SEABRA
    JOANA CUNHA
    DE SÃO PAULO
    ITALO NOGUEIRA
    DO RIO
    NATÁLIA CANCIAN
    DE BRASÍLIA

    01/07/2017 02h00

    Uma articulação do governo Temer acirrou as disputas entre as principais centrais sindicais e esvaziou as manifestações programadas para sexta (30) contra as reformas trabalhista e previdenciária.

    Convidada a participar de negociações no Ministério do Trabalho, a Força Sindical convocou um ato separadamente da CUT (Central Única dos Trabalhadores).

    Sob o argumento de que o ato organizado pela CUT na avenida Paulista se transformaria num movimento por eleições diretas, o secretário-geral da Força, João Carlos Gonçalves (Juruna), convidou centrais para uma um protesto no centro de São Paulo.

    Cerca de 300 pessoas participaram do ato. Presidente da central, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, que acaba de indicar o futuro secretário-executivo do Ministério do Trabalho, não foi.

    Na chegada ao ato convocado pela CUT e por frentes de esquerda, o presidente da entidade, Vagner Freitas, lamentou a ausência da Força.

    "Não foi uma boa. Faz falta. Com uma central importante como a Força, estaríamos mais fortes", afirmou.

    As centrais também levaram às ruas suas divergências sobre o texto das reformas.

    Em reunião com dirigentes de centrais, o ministro do Trabalho acenou com a edição de medida provisória que contrariará uma decisão do Supremo. Em março, o STF validou uma decisão da Justiça do Trabalho que restringia a cobrança de contribuição assistencial aos trabalhadores filiados aos sindicatos.

    Juruna diz que, durante reunião com Paulinho, o ministro propôs que o imposto sindical seja substituído pela contribuição assistencial, cujo valor é fixado em assembleia dos trabalhadores.

    Embora concorde com a extinção do imposto sindical, o presidente da CUT duvida da disposição do governo de implementá-la. "A intenção é esvaziar o movimento", diz.

    Força e UGT defendem a redução gradual do imposto sindical e a legalização da contribuição assistencial, hoje restrita aos sindicalizados.

    O presidente da UGT, Ricardo Patah, minimiza o papel do governo para esvaziamento. Ele justificou a baixa adesão às multas impostas aos sindicatos e à "falta de consciência" dos trabalhadores.

    PROTESTO

    Ao longo do dia, houve manifestações pontuais nas principais capitais, com bloqueio de vidas e rodovias.

    Na capital paulista, o protesto convocado pela CUT e por movimentos sociais acabou em confronto entre black blocs e a PM na região da prefeitura da cidade.

    Também houve confronto no Rio entre manifestantes mascarados e a polícia. O protesto se dispersou no entorno da Central do Brasil.

    Em Brasília, ao contrário das expectativas, não houve registro de manifestações na área isolada na Esplanada dos Ministérios para o ato. A Secretaria de Segurança do Distrito Federal havia organizado um aparto de segurança, com bloqueios no acesso, para evitar as depredações registradas na última manifestação. Mas, diante da falta de mobilização, as vias foram liberadas.

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