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    Ministro do STF nega liminar para liberar venda de ativos da JBS

    LETÍCIA CASADO
    DE BRASÍLIA

    03/07/2017 09h26 - Atualizado às 21h26

    Zanone Fraissat/Folhapress
    SAO PAULO/SP-BRASIL,29/08/13 wesley Batista (esq) e Joesley Batista (dir), donos da friboi na cerimonia de entrega do premio as Melhores da Dinheiro 2013 no Credicard Hall.(Foto: Zanone Fraissat /MONICA BERGAMO)
    Irmãos Wesley (esq.) e Joesley Batista

    O ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal), negou na sexta-feira (30) pedido da JBS para revogar a decisão que proibiu a empresa de vender as operações de carne bovina no Mercosul para o rival Minerva.

    Em 19 de junho, o juiz federal Ricardo Leite, do Distrito Federal, vetou a venda de negócios da companhia à rival Minerva Argentina, no Paraguai e no Uruguai.

    A operação foi anunciada no começo do mês passado e renderia cerca de R$ 1 bilhão à JBS. O negócio seria o primeiro passo de uma série de ativos que a empresa pretende passar adiante para reduzir seu endividamento.

    A restrição à venda é uma decorrência da Operação Bullish, iniciada em maio pela Polícia Federal e que investiga direcionamento de verba do BNDES para o grupo de Joesley Batista.

    Os advogados da JBS argumentaram no pedido ao Supremo que, ao ter firmado acordo de delação premiada, a empresa deveria ter seus ativos liberados.

    O FEIRÃO DOS BATISTAIrmãos Joesley e Wesley vendem negócios para reduzir dívidas do grupo empresarial

    Na decisão, Fachin argumenta, entretanto, que a aplicação de medidas cautelares é decorrente de outra operação, Tendão de Aquiles, que apura suposta venda irregular de ações e compra de contratos futuros de dólar na Bolsa de valores -realizada depois que os executivos firmaram a delação.

    TRÂMITES

    Fachin também argumenta que a JBS não poderia ter entrado com uma reclamação no STF contra a decisão do juiz, mas sim, teria que recorrer, respeitando as instâncias ordinárias. Ou seja, entrar com um recurso primeiro no TRF (Tribunal Regional Federal) e, depois, se fosse o caso, levar a ação ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), antes de chegar ao Supremo.

    Em junho, a JBS pediu ao juiz Ricardo Leite o levantamento de todas as medidas cautelares impostas por ele na Operação Bullish.

    Leite, no entanto, afirmou que era "prematura" a decisão de liberar os bens "diante da fragilidade das provas apresentadas" na delação premiada dos executivos da companhia de alimentos.

    Disse ainda que os executivos do grupo precisavam apresentar à Justiça esclarecimentos sobre negociações com o BNDES, que investiu R$ 8 bilhões na expansão internacional do grupo.

    Ao entrar com a reclamação no Supremo, a defesa da JBS alegou que o juiz de primeira instância "reconheceu como inválidos os acordos de colaboração premiada firmados pelos reclamantes em relação aos fatos sob apuração na denominada Operação Bullish, usurpando a competência desse STF para deliberar sobre a validade desses acordos".

    A delação da JBS levou à investigação e a uma denúncia contra o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

    DÍVIDA

    O acordo com o Minerva era o primeiro passo de um programa de venda de ativos anunciado pela JBS com o objetivo de levantar ao menos R$ 6 bilhões.

    Em meio ao escândalo de corrupção, a companhia, cujo endividamento beira os R$ 50 bilhões, passou a enfrentar restrição de crédito.

    Ela já disse que busca compradores para sua fatia de 19,2% na Vigor Alimentos e para as operações da Moy Park (de alimentos processados, com foco na Europa) e da Five Rivers Cattle Feeding, parte dedicada a confinamento e alimentação de gado com operações nos EUA.

    Além da dívida pesada, a J&F, conglomerado da família Batista, assumiu compromisso de pagar multa de R$ 10,3 bilhões prevista no acordo de delação.

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