A ascensão meteórica da Tesla ao posto de montadora de automóveis mais valiosa dos Estados Unidos chegou ao fim, pelo menos por enquanto, depois de um reinado que durou menos de três meses.

A fabricante de carros elétricos registrou queda de quase 15% em suas ações da segunda-feira (3) para cá, depois de reportar problemas com a fabricação de baterias no primeiro semestre que prejudicaram a produção de sua linha existente de carros de luxo, apenas dias antes de ela iniciar a montagem de seu primeiro carro voltado ao mercado de massa, o Model 3.

Elon Musk, o presidente-executivo da companhia, também anunciou um cronograma de produção modificado para o Model 3, com atrasos em relação a promessas feitas no ano passado. E a Volvo, embora seja uma empresa pequena entre as montadoras internacionais de automóveis, roubou em parte a cena da Tesla ao anunciar na quarta-feira (5) que todos os seus modelos seriam completamente elétricos ou híbridos a partir de 2019.

	Jonas Ekstromer/Reuters
	O presidente-executivo da Volvo, Hakan Samuelsson, durante entrevista em Estocolmo

No pregão do começo da tarde desta quinta-feira (6), as ações da Tesla mostravam queda de 3,7%, para US$ 315,25, o que confere à empresa uma capitalização de mercado de US$ 51,8 bilhões, de acordo com a Bloomberg. A General Motors, que liderava o ranking americano de capitalização de mercado no setor de automóveis, antes da Tesla, voltou ao topo, com valor de mercado de US$ 52,7 bilhões.

A queda no preço das ações da Tesla suspende pelo menos temporariamente a alta notável registrada pela empresa, cujas ações subiram de pouco mais de US$ 180 em novembro a mais de duas vezes esse valor, recentemente.

Um ano atrás, as ações da Tesla sofreram abalo pela notícia de que o dono de um sedã elétrico Model S havia morrido em um acidente quando seu carro, operando com o sistema de piloto automático da empresa, não detectou uma carreta que estava cruzando uma estrada na Flórida.

A colisão despertou dúvidas sobre a confiabilidade da tecnologia de direção autônoma da empresa e sobre possíveis exageros de marketing da Tesla ao decidir usar o termo "piloto automático" para designar o sistema. Agências do governo federal americano abriram investigações sobre o caso, entre as quais uma para determinar se existia um defeito de segurança no modo de condução "piloto automático" dos carros Tesla.

Mesmo quando Musk divulgou um "plano-mestre" reformulado para a Tesla, com a promessa de se expandir para além dos carros elétricos e ingressar no ramo das picapes, caminhões de carga e ônibus elétricos, e equipar todos esses veículos com sistemas avançados de autodireção, as ações não reagiram.

Mas, neste ano, os investidores começaram a concentrar suas atenções no lançamento do Model 3 e na confiante previsão de Musk de que a Tesla seria capaz de quintuplicar suas vendas, para mais de 500 mil carros anuais a partir de 2018.

Semanas mais tarde, a Tesla levantou US$ 1 bilhão com uma emissão de ações e títulos de dívida, para rechear seus cofres antes da introdução do Model 3.

Abril trouxe mais notícias positivas: um forte avanço na produção de veículos da empresa no primeiro trimestre e um novo salto no preço de suas ações conduziram o valor de mercado da Tesla a US$ 48 bilhões, o que a levou a ultrapassar a capitalização de mercado da Ford Motor. A alta continuou e em 10 de abril as ações registraram novo salto, para US$ 312,39.

Isso fez com que a Tesla adquirisse valor de mercado superior ao da GM, que produziu mais de nove milhões de veículos e teve receita de US$ 9,4 bilhões em 2016.

A Tesla, em comparação, produziu 85 mil carros no ano passado, e registrou prejuízos na maior parte dos trimestres recentes. No primeiro trimestre deste ano, ela sofreu US$ 397 milhões em prejuízo, ante perdas de US$ 282 milhões no período em 2016. Mas a receita da empresa mais que dobrou, no entanto, para US$ 2,7 bilhões.

Tradução de PAULO MIGLIACCI