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    Divergência sobre mudança de rumo no BNDES faz diretores se demitirem

    MARIANA CARNEIRO
    DE BRASÍLIA

    NICOLA PAMPLONA
    DO RIO

    07/07/2017 14h21 - Atualizado às 23h26

    Nicola Pamplona/Folhapress
    Funcionários do BNDES protestam após operação da PF, em maio
    Funcionários do BNDES protestam após operação da PF, em maio

    Divergências com o novo presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Paulo Rabello de Castro, em relação a mudanças na taxa de juros de longo prazo levaram dois diretores do banco a pedir demissão nesta sexta (7).

    Nomeados pela antecessora de Rabello, Maria Silvia Bastos Marques, Cláudio Coutinho e Vinícius Carrasco ajudaram a desenhar o plano de substituição da TJLP por uma taxa mais aderente ao mercado e decidiram sair após declarações de Rabello de Castro questionando a mudança.

    "Gerou desconforto quando a gente viu que de certa forma o presidente não concorda com o que está posto", disse à Folha Coutinho, que ocupava a diretoria de Crédito.

    A nova política, definida por medida provisória editada pelo governo antes da chegada de Rabello, prevê a implantação da Taxa de Longo Prazo (TLP), que ao final de um período de transição, será corrigida de acordo com os juros dos títulos do Tesouro NTN-B. O objetivo do governo é reduzir o volume de crédito subsidiado na economia.

    Mudanças na taxa de juros do BNDES

    Em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", Rabello de Castro disse que a TLP reduz a previsibilidade dos tomadores de financiamento do banco, que, "em um momento agudo [de alta de juros] podem não resistir".

    O executivo foi indicado pelo presidente Michel Temer para o cargo em maio, após Maria Silvia pedir demissão alegando "razões pessoais".

    Carrasco ocupava a diretoria de Planejamento. Na noite de quinta-feira (6), defendeu a TLP argumentando que ela "permitirá menores taxas de juros para todos, aumento de produtividade, melhoras distributivas e transparência na concessão de subsídios".

    De acordo com a proposta, durante um período de transição de cinco anos, a TLP seria corrigida pelo IPCA mais o rendimento do NTN-B. Depois disso, passará a ser idêntica aos juros pagos pelo NTN-B.

    A equipe econômica de Temer trabalha para aprovar a mudança, mas enfrenta resistência de setores do meio empresarial, que temem o aumento do custo dos empréstimos do BNDES e pressionam o relator da medida provisória no Congresso, deputado Betinho Gomes (PSDB-PE).

    Com o objetivo de ouvir as partes interessadas, Gomes agendou audiências públicas sobre o tema, uma delas na sede do BNDES. Ele espera ter um parecer em 1º de agosto.

    O BNDES não se pronunciou sobre o tema. Até a última atualização desta reportagem, não haviam sido escolhidos os substitutos de Carrasco e Coutinho.

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