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    J&F encerra conversa para venda de Alpargatas a donos do Itaú, diz agência

    DA REUTERS

    10/07/2017 09h38 - Atualizado às 10h53

    Rodrigo Paiva/Folhapress
    Loja das Havaianas na rua Oscar Freire, em São Paulo
    Loja das Havaianas na rua Oscar Freire, em São Paulo

    A J&F Investimentos encerrou as conversas para a venda de sua participação majoritária na Alpargatas para o grupo formado por Cambuhy Investimentos e Itaúsa Investimentos por causa de diferenças em relação ao preço, de acordo com a agência Reuters.

    A J&F não cedeu à pressão da Cambuhy Investimentos e da Itaúsa para que reduzisse o preço pedido por sua fatia controladora de 86% na Alpargatas ao término do período de exclusividade das negociações neste domingo (9).

    Mais cedo no domingo, a Reuters havia noticiado que Cambuhy e Itaúsa haviam oferecido entre R$ 3,3 bilhões e R$ 3,5 bilhões pela Alpargatas.

    As empresas não comentaram o fim das negociações.

    A J&F, holding que controla a fortuna da família Batista, precisa levantar capital para pagar uma multa recorde de R$ 10,3 bilhões prevista no acordo de leniência e refinanciar empréstimos a vencer.

    Em maio, os irmãos Joesley e Wesley Batista assinaram acordo de leniência após admitirem o pagamento de propinas a cerca de 1.900 políticos.

    Zanone Fraissat/Folhapress
    Wesley Batista e Joesley Batista
    Wesley Batista e Joesley Batista

    Os Batista retomarão a venda da Alpargatas por meio de processo competitivo "o mais breve possível", diz a Reuters.

    A J&F contratou o Bradesco BBI como consultor na operação.

    As ações ordinárias da Alpargatas dispararam 35% nos últimos três meses em meio a especulações de que os Batista a colocariam à venda. Os papéis acumulam valorização de 63% neste ano.

    Segundo a agência, a J&F busca um preço mais elevado pela sua fatia controladora na Alpargatas, que administra uma ampla variedade de marcas de moda, incluindo a Osklen. Criados em 1962 durante o movimento da Bossa Nova, os chinelos Havaianas da empresa são usados mundialmente por celebridades.

    A Itaúsa administra a fortuna das famílias Villela e Setubal, que controla o Itaú Unibanco, maior banco privado da América Latina em termos de ativos. A Cambuhy, por sua vez, é o veículo de investimento da bilionária família Moreira Salles, que também é acionista do Itaú.Tanto Cambuhy quanto Itaúsa informaram a reguladores em 26 de junho que, se a proposta fosse bem-sucedida, dividiriam igualmente a participação na Alpargatas.

    PASSO A PASSO - Havaianas resiste a crises de controladores

    RITMO DAS NEGOCIAÇÕES

    As conversas entre J&F e o grupo formado por Cambuhy e Itaúsa ganharam ritmo nos últimos dias, enquanto os credores pressionavam os Batista a renegociar mais de R$ 30 bilhões de dívidas da holding e da JBS, a maior produtora de carnes do mundo.

    A família Batista planejava usar os recursos provenientes da venda da Alpargatas para pagar um empréstimo de R$ 2,7 bilhões obtido junto à Caixa Econômica Federal. O empréstimo é alvo de investigação do TCU (Tribunal de Contas da União) por possíveis irregularidades.

    Os Batista compraram em dezembro de 2015 a Alpargatas do conglomerado Camargo Corrêa, que também estava envolvido no escândalo de corrupção da Lava Jato.

    As fatias controladoras da J&F na fabricante de produtos lácteos Vigor e na produtora de celulose Eldorado Brasil também foram colocadas à venda e o processo está avançando, segundo informou a Reuters nas últimas semanas.

    A venda das participações na Alpargatas, na Vigor e na Eldorado podem render R$ 10 bilhões à J&F e reduzir o endividamento da holding em mais de R$ 10 bilhões.

    MINERVA E JBS

    A superintendência-geral do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou, sem restrições, a aquisição das operações de carne bovina da JBS na Argentina, Paraguai e Uruguai por subsidiárias da Minerva, de acordo com despacho publicado no Diário Oficial nesta segunda.

    Em 6 de junho, a JBS anunciou a venda da totalidade das ações de suas subsidiárias de carne bovina na Argentina, Paraguai e Uruguai para o grupo Minerva por US$ 300 milhões, dos quais US$ 280 milhões seriam pagos em dinheiro no fechamento da transação e o restante depois da conclusão do processo de due diligence.

    Mas o acordo segue em suspenso desde que a Justiça Federal de Brasília barrou a operação em 21 de junho, alegando que a venda poderia comprometer o esclarecimento de fatos investigados no âmbito da delação firmada pelos executivos da J&F, holding que controla a maior produtora global de carnes.

    Procuradas, a JBS informou que "prossegue com as medidas necessárias para a conclusão da venda dos seus ativos no Uruguai, Paraguai e Argentina", enquanto a Minerva preferiu não comentar a decisão do Cade ou o bloqueio do acordo pela Justiça.

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