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    Uber e gigante on-line se unem para ter serviço de transporte na Rússia

    LESLIE HOOK
    DO "FINANCIAL TIMES", EM NOVA YORK

    13/07/2017 12h03

    Seth Wenig/Associated Press
    FILE - In this Wednesday, March 15, 2017, file photo, a sign marks a pickup point for the Uber car service at LaGuardia Airport in New York. Uber's first report on employee diversity shows low numbers for women, especially in technology positions. Uber's report doesn't count drivers as employees. (AP Photo/Seth Wenig, File) ORG XMIT: NYBZ216
    Uber em Nova York

    A Uber e o Yandex, gigante da internet na Rússia, estão combinando suas operações de serviços de carros no país e na Ásia Central.

    Nos termos do acordo, a Yandex Taxi, subsidiária do grupo Yandex, terá participação de 59% e a Uber terá participação de 37% na nova empresa, que ainda não tem nome.

    A empresa também receberá uma nova injeção de capital —US$ 225 milhões da Uber e US$ 100 milhões da Yandex—, em uma transação que a avalia em US$ 3,4 bilhões, excluído o novo capital.

    O acordo concede o controle do mercado ao grupo russo de buscas on-line, depois de anos de feroz concorrência.

    A ação marca o segundo recuo da Uber em um grande mercado internacional, depois da venda de suas operações na China à Didi Chuxing, um ano atrás, e permitirá que a companhia deficitária melhore suas margens, ao encerrar as guerras de preços no mercado russo.

    A decisão também representa a maior jogada estratégica da Uber desde a derrubada de seu controvertido presidente-executivo, Travis Kalanick, que deixou o cargo no mês passado por causa de pressão de investidores e de uma sucessão de crises que abalaram a companhia, avaliada em US$ 62,5 bilhões.

    Tigran Khudaverdyan, o presidente-executivo da Yandex Taxi, comandará a nova empresa, que operará em mais cinco países, além da Rússia, e incluirá os serviços da Uber, Yandex Taxi e Uber Eats: Cazaquistão, Belarus, Azerbaijão, Armênia e Geórgia.

    A Rússia vinha sendo um mercado desafiador para a Uber, que chegou tarde a um setor dominado pela Yandex Taxi e jamais conseguiu tomar a liderança.

    A Yandex também contava com uma vantagem técnica crucial por causa do Yandex Maps, já que tecnologia de mapeamento é essencial para todos os serviços de transportes, e a Uber precisava depender de fornecedores externos para esse componente.

    As duas empresas vinham se atacando mutuamente por meio de fortes descontos nos preços das corridas, recentemente, com o objetivo de ampliar suas fatias de mercado.

    A Uber anunciou prejuízo de US$ 170 milhões no mercado russo como um todo.

    A Yandex manteve a liderança, no entanto, e realiza duas vezes mais corridas que a Uber a cada mês, de acordo com dados fornecidos pelas empresas.

    O modelo da Yandex Taxi é diferente do modelo da Uber, que em geral conecta motoristas autônomos a potenciais passageiros por meio de seu app.

    Em contraste, a Yandex Taxi trabalha com frotas independentes de táxis, o que lhe propicia 20 mil motoristas em toda a Rússia, e une essas frotas sob a poderosa marca que a empresa desenvolveu por meio de seu serviço de buscas na web, que domina o mercado no país nesse segmento.

    A nova empresa terá cerca de US$ 131 milhões ao mês em faturamento, de acordo com dados referentes a junho.

    TÁXIS REGULARES

    Ela ainda enfrenta dificuldades para combater o mercado de táxis regular da Rússia, que movimenta US$ 10 bilhões ao ano e é dominado por frotas de táxi e por táxis que operam clandestinamente. Khudaverdyan diz que a nova companhia deterá apenas 5% a 6% do mercado total de serviços de carros para passageiros.

    Pierre-Dimitri Gore-Coty, que comanda as operações da Uber na Europa, Oriente Médio e África, disse que o acordo "ajuda a Uber a continuar construindo um negócio mundial sustentável".

    Reduzir a exposição da Uber em mercados internacionais onde ela é deficitária é um passo chave no avanço da empresa rumo a um modelo de negócios mais sustentável, e talvez a uma oferta pública inicial de ações.

    Ao converter suas operações na Rússia e China em participações minoritárias em empresas locais que agora detêm monopólio prático sobre o segmento em seus mercados, a Uber parece ter encontrado uma fórmula que pode permitir que recupere seu pesado investimento nesses países.

    No acordo com a Didi Chuxing, negociado por Emil Michael, vice-presidente de negócios da empresa que terminou demitido, a Uber ficou com 20% de participação acionária na empresa combinada e um assento no conselho da Didi, além de receber um investimento de US$ 1 bilhão de sua ex-rival, em troca de abrir mão de suas operações chinesas.

    No acordo com o Yandex, a Uber não só terá participação na nova empresa russa mas também promoverá a integração mundial entre os apps das duas companhias, o que significa que os clientes de ambas poderão solicitar serviços das duas empresas.

    "A parceria não é boa só para as duas companhias, mas para os passageiros, motoristas e cidades da região", disse Gore-Coty. O faturamento combinado da nova empresa teria equivalido a US$ 131 milhões em junho.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

    Edição impressa
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