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    Banco Central corta Selic a 9,25% e juros caem ao menor nível em 4 anos

    DE SÃO PAULO
    DE BRASÍLIA

    26/07/2017 18h01 - Atualizado às 23h22

    Comugnero Silvana/Fotolia
    Notas de Real
    Notas de real; Banco Central corta Selic novamente

    O Banco Central confirmou a expectativa do mercado e cortou, nesta quarta-feira (26), a taxa básica da economia em um ponto percentual, para 9,25% ao ano. Foi o sétimo corte seguido da Selic.

    A decisão foi por unanimidade. A queda era esperada por 45 dos 47 economistas consultados pela agência internacional Bloomberg. Um esperava um corte menor, de 0,75 ponto percentual (para 9,5%), e outro uma redução maior, de 1,25 ponto percentual (até 9%).

    No comunicado, o Copom indicou que o atual ritmo de cortes será mantido na próxima reunião se as condições econômicas permanecerem as mesmas.

    "Para a próxima reunião, a manutenção deste ritmo dependerá da permanência das condições descritas no cenário básico do Copom e de estimativas da extensão do ciclo", disse o comitê.

    "O comitê entende que a evolução do processo de reformas e ajustes necessários na economia (principalmente das fiscais e creditícias) é importante para a queda das estimativas da taxa de juros estrutural. Essas estimativas continuarão a ser reavaliadas pelo Comitê ao longo do tempo."

    A reforma creditícia é uma referência à TLP (Taxa de Longo Prazo), que balizará os empréstimos do BNDES em substituição à TLJP e que foi criticada pelo atual presidente do banco, Paulo Rabello de Castro.

    JUROS EM QUEDA - Evolução da taxa básica Selic, em %

    O BC indicou que o aumento da incerteza em relação à aprovação das reformas "impactou negativamente índices de confiança dos agentes econômicos". Para o comitê, no entanto, o impacto da queda na atividade tem sido "limitado" até o momento.

    Na reunião anterior, em maio, em meio à delação da JBS envolvendo o presidente Michel Temer, o Copom havia falado em "redução moderada", ou seja, abaixo de um ponto percentual, dos cortes na taxa básica.

    A autoridade monetária amenizou o discurso algumas semanas depois, ao divulgar seu relatório trimestral de inflação no mês passado.

    Além de reduzir sua expectativa de variação de preços neste ano de 4% para 3,8%, o BC se referiu à ata da reunião passada afirmando que uma redução menor "deveria se mostrar adequada".

    A mudança do tempo verbal foi encarada por parte do mercado como um recuo em relação ao tom anterior.

    "O Copom dizia que, dado o aumento da incerteza, era possível que o ritmo fosse reduzido", disse o economista José Marcio Camargo, da Opus Gestão de Recursos. "Mas se notou que a delação não gerou efeito inflacionário significativo."

    PREÇOS

    O afrouxamento monetário ocorre em um cenário de inflação abaixo do centro da meta do governo, de 4,5% ao ano.

    Para o Banco Central, a trajetória da inflação permanece favorável, "inclusive nos componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária".

    "Até o momento, os efeitos de curto prazo do aumento de incerteza quanto ao ritmo de implementação de reformas e ajustes na economia não se mostram inflacionários nem desinflacionários", indica a nota.

    Em junho, país teve deflação pela primeira vez em 11 anos. O índice IPCA recuou 0,23% no mês passado e, em 12 meses, acumula avanço de 3%.

    A redução acelerada da inflação ocorre principalmente por causa da crise econômica e do desemprego, que desestimulam o consumo. Também é fruto de uma melhora significativa nas safras agrícolas.

    Segundo o Boletim Focus, que reúne estimativas de economistas e instituições financeiras ouvidos pelo Banco Central, a inflação deve encerrar o ano em 3,33%.

    A queda de juros pode ajudar a reanimar a economia brasileira, após o indicador que mede atividade econômica frustrar a expectativa e cair 0,51% em maio.

    Na comparação com maio de 2016, o índice apresentou variação positiva de 0,04%, enquanto no acumulado em 12 meses houve recuo de 2,22%, sempre em números dessazonalizados.

    Foi o segundo resultado negativo no ano para o indicador, que incorpora projeções para a produção nos setores de serviços, indústria e agropecuária, bem como o impacto dos impostos sobre os produtos. A outra retração foi vista em março.

    A expectativa do Focus é que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresça 0,34% neste ano. A projeção é que a taxa de juros encerre 2017 a 8%.

    Folhainvest

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